Casal conectado – parte 3: Gestão de carreira do “Digital Influencer” – Gari Gato como marca

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Juliana Lemes da Cruz.
Doutoranda em Política Social – UFF.
Pesquisadora GEPAF/UFVJM.
Coordenadora do Projeto MLV.
Contato: julianalemes@id.uff.br
Produção de conteúdo

A ocupação de “digital influencer” parece ter batido à porta do Gari Gato meses antes dele sofrer, durante o trabalho, uma lesão no ombro que o impossibilitaria de continuar a realizar as atividades na coleta de lixo da capital mineira com o mesmo rendimento e segurança de antes. Pode parecer algo ao acaso, mas, há quem acredite que a fama repentina, às vésperas de um evento que estragaria sua paixão pelo ofício de gari tem explicação divina. Josy, que trabalha em regime de dedicação exclusiva na Polícia Militar mineira, com as mudanças de rotina, precisou se adaptar para dar conta de ajudar Tales, o Gari Gato BH, na gestão de sua carreira como “digital influencer”, ou, aportuguesando o termo, como “influenciador digital”.

As tarefas de trabalhadora do setor público e também do lar, mãe e companheira, não têm sido nada simples para a Josy, mulher. Isso porque, a gestão das redes sociais do Gari Gato que mais parece uma diversão é, na verdade, trabalho pesado. Daqueles bem cansativos, de intensa carga mental. O que pouca gente sabe é que o número expressivo de seguidores nas principais redes sociais, em regra, não significa para o influenciador o recebimento de valores proporcionais a esse número. Algumas redes, sequer remuneram o influenciador que tem milhares de seguidores. Sendo assim, para que o Gari Gato BH consiga aproveitar a fama para impulsionar uma nova possibilidade profissional, ele terá que suar muito o seu uniforme cor laranja.

Terá que suar porque esse esforço está em curso. Em conversa com a Josy, companheira do Tales, pude perceber que nos últimos dois anos e meio o casal precisou decidir sobre aspectos importantíssimos, dentre as quais, a mais significativa: a gestão de carreira do Gari Gato. Uma vez que a ocupação como gari se tornaria não a única, mas, uma das ocupações do Tales.

Inicialmente, o casal se assustou com a repercussão das aparições do Tales em canais de comunicação. O que se tornou mais impactante quando precisou responder aos estímulos da grande mídia, o que provocou uma demanda gigante de admiradores da pessoa do Tales e da forma com que o gari conduzia uma profissão tão digna e importante. Por conta disso, a contratação de uma assessoria que ajudasse na produção de conteúdo, no jurídico e na administração dos convites recebidos e atenção aos seguidores, parecia essencial. Com o tempo, após passarem por três experiências com assessoria pessoal contratada, o casal percebeu que esse movimento “digital influencer” como ocupação, era algo muito novo também para agências especializadas em gestão de carreira.

Sendo assim, Josy e Tales decidiram que administrariam sozinhos suas redes. Sim, com a conexão do casal, Josy, que tem emprego público, também passou a observar com mais cuidado suas postagens, uma vez que também estava sendo seguida nas suas redes por seguidores do companheiro. Logo, tendo adquirido potencial para influenciar a muitos. Há algum tempo é o casal quem administra as redes e negociam valores de publicidade. Aprendizado adquirido dia a dia, com busca e estudo sobre as mais adequadas estratégias para gestão da carreira de um influenciador digital.

De iniciativa, registraram a marca “Gari Gato” junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial, o INPI. Estão para lançar uma grife de óculos com a recém-criada marca. A ideia é aproveitar todas as oportunidades de manutenção da figura do Gari Gato BH como personalidade pública, pois o casal tem a convicção de que isso é perfeitamente possível.

Com os esforços para conhecer mais sobre o universo digital, Josy e Tales perceberam que, na verdade, há muita desinformação na internet. O número de seguidores, que passa dos 3 milhões nas redes administradas por eles representa apenas uma base para precificação das divulgações. É uma referência que, não necessariamente, gera algum tipo de vantagem ou renda.

Há outros fatores que são levados em consideração, como o nível de interação dos seguidores diante do conteúdo postado, a natureza do público, se é ou não um público orgânico – ou seja, aquele perfil que chega por interesse mesmo, nada daquelas estratégias de compra de seguidores. Além da definição de qual nicho ocupa – mulheres/homens, trabalhadores assalariados, estudantes, classe dos garis, por exemplo – e o alcance das publicações.

No mais, o casal garante que a gestão das redes toma tempo, produz desgaste mental e exige método. Se a intenção do influenciador for alavancar uma possível carreira no universo digital, deverá se dedicar com propósito, porque a dinâmica não é simples. Evidenciaram que, não basta ter quantidade de seguidores, é preciso conhecer o universo digital e quais as plataformas oferecem remuneração aos “digital influencers” por número de visualizações. Josy alertou que algumas remuneram e há uma tabela para isso.

Certo é que, os últimos dois anos do casal josy e Tales exigiu deles o estreitamento da conexão que tinham no início do relacionamento. Uma vez que, com o passar do tempo, as demandas cotidianas tendem a ocupar espaço importante na vida, o que expõe o nível de comprometimento do casal frente à necessidade de superação dos desafios da vida a dois.

Como ocupei a parte 3 da história do Casal Conectado discutindo a administração da fama desta “sub celebridade” que agora ocupa a categoria dos influenciadores digitais, deixo de tratar das exposições do casal na grande mídia nesta edição da coluna Interfaces. O que pretendo fazer na edição da próxima semana.

Para conhecer melhor, siga @garigatobh e @josylima01

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