RODA DE HOMEM: diálogos sobre “empoderamento feminino”

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Juliana Lemes da Cruz.
Doutora em Política Social (UFF).
Conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Contato: julianalemes@id.uff.br | @julianalemesoficial

Ao aceitar o convite para palestrar para os públicos mistos da comunidade rural de Maranhão e do distrito de Ponto do Marambaia em Caraí, Minas Gerais, acabei inaugurando uma nova forma de abordagem sobre o “desafio de ser mulher” na sociedade atual. Batizamos a primeira etapa do papo de “Empoderamento Feminino” e chamamos os homens para nos ajudar a pensar como eles poderiam ajudar as mulheres nisto.

Falamos para agricultores familiares, momento que revisitei esse público que conheci mais de perto entre os anos de 2013 e 2015, quando estava debruçada na minha pesquisa de mestrado – na zona rural de Itambacuri/MG. No entanto, desde 2009, por participar de atividade do Grupo de Extensão e Pesquisa em Agricultura Familiar – GEPAF, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, já cultiva essa proximidade. Assim, o alinhamento da linguagem aconteceu naturalmente.

Naqueles espaços, aceitei o desafio de mediar uma RODA DE CONVERSA COM HOMENS, como segunda etapa do encontro. Fiquei com receio, uma vez que sei muito bem que os resultados de sucesso que já tive acesso tiveram como mediadores outros homens e não, mulheres. Afinal, um homem está no lugar de fala de homem, e, portanto, pode se aproximar da linguagem de outros homens e ser identificado por eles como igual.

Para minha surpresa, fui “aceita” por eles como mediadora do papo, pois houve abertura para o diálogo aberto. Quanta riqueza nas percepções! Falamos sobre divisão sexual do trabalho, exaustão feminina, costumes, desigualdade de gênero, sexualidade, silenciamento dos homens, educação familiar e autonomia feminina. Além de tocarmos em feridas que envolvem o autoconhecimento masculino e feminino. O papo foi leve, divertido e em alguns momentos, sério. De toda forma, produziu reflexão! Isso é fato. O diálogo foi tão rico que conseguimos encaminhar um retorno às comunidades para um debate exclusivo com os homens e sobre os homens, nas próximas semanas.

Afinal, não se pode superar as disparidades de gênero sem o envolvimento direto de ambas categorias: feminino e masculino. Os homens também fazem parte do desafio de desconstrução de “certezas” que ao longo do tempo oprimiram mulheres. Isso porque, homens e mulheres foram ensinados, ou socializados, de formas muito distintas. O maior desafio é ajudar tanto mulheres quanto homens a DESaprender!

Os encontros começaram às 8hs da manhã e findaram às 15hs. Antes do almoço – oferecido no local –, palestras e debate. Após o almoço, 4 rodas de conversa: 1. Regularização de associações, Certificado da Agricultura Familiar – CAF, antigo DAP; 2. Geração de renda – economia solidária – empreendedorismo; 3. Demanda de cursos profissionalizantes; e 4. Apoio dos homens no empoderamento feminino – exclusivo para eles. Houve uma plenária final onde foram expostos os encaminhamentos dos grupos.

O evento foi uma iniciativa do projeto “Redes solidárias para mulheres e homens rurais de Caraí/MG”, financiado pela Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais – SEDESE e desenvolvido pela entidade Aprender, Produzir, Juntos – APJ. Como parceiros essenciais, atuantes nos dias de evento, a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura do Estado de Minas Gerais – FETAEMG e a prefeitura municipal de Caraí. A coordenação do projeto é da Joana Louback (APJ), e os apoios neste sábado e domingo foram da Amaurisa, quilombola e coordenadora de mulheres da FETAEMG – polo Mucuri e de Marlem Berna, representante local.

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