Transtornos de ansiedade: sintomas, causas, tipos e formas de tratamento

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Juliana Lemes da Cruz.
Doutora em Política Social (UFF).
Conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Contato: lemes.jlc@gmail.com | @julianalemesoficial

Quando me vi com extrema dificuldade de realizar tarefas que antes eu dava conta sem problemas, foi que percebi que sucumbi ao adoecimento por ansiedade. Saber que precisa fazer coisas, mas, não conseguir fazer nenhuma delas em um espaço de tempo considerável, assumir compromissos e não os cumprir, dar comandos ao cérebro e ele não responder com o nível de potência que sempre respondeu, é desesperador.

Compulsoriamente, ser levada a refletir sobre a dimensão do transtorno que é perceber a ansiedade prejudicando dia após dia sua qualidade de vida é angustiante. A mais desafiadora das etapas foi o reconhecimento de que um apoio externo seria necessário. Confesso, esse processo demorou alguns anos, a custa de um colapso que se avizinhava, e que só não chegou porque me antecipei a ele. Discorro sem reservas porque sei que este texto pode esclarecer suas dúvidas e mudar a visão sobre o assunto.

Pois bem! O Brasil está no topo do ranking global no que se refere aos transtornos de ansiedade. Pelo menos 1 a cada 4 brasileiros foi diagnosticado com algum transtorno. A ansiedade deixa de ser uma resposta natural do corpo aos medos, dúvidas ou expectativas cotidianas, quando persiste, inquieta e é intensa, tornando-se assim, um transtorno.

SINTOMAS – Sensação de irritabilidade, impaciência, agitação, falta de concentração, insônia, excesso de preocupação, pensamento acelerado, alteração de humor, medo exagerado, isolamento, fobia social e compulsão alimentar são alguns dos sinais de que a mente está exausta e pedindo socorro. Mas, será que compreendemos em tempo esses recados? Geralmente, esperamos nosso colapso. E colapsar, na era da informação, é negligenciar a nós mesmos (as), como se fôssemos máquinas de produção em escala. Em algum momento, a conta chega: a gente adoece.

Os sintomas, por serem multicausais, são facilmente confundidos com preguiça ou má vontade, até que o alcance graus mais elevados. Em alguns casos, a ansiedade é negligenciada até que se manifeste em episódios agudos no corpo físico, como em crises de choro, placas avermelhadas, dor de cabeça, diarreia, formigamento dos braços e mãos, tensão muscular, bruxismo (ranger dos dentes) e/ou travamento de mandíbula durante o sono e inconscientemente ao longo do dia, falta de ar, alergias na pele (manchas/pequenas feridas), dentre tantos outros.

É comum que com o passar dos anos, as pessoas mudem de rota e já não tenham interesse em continuar a desenvolver certas atividades. Por outro lado, não é nada bom ter a intenção de fazer algo, saber que aquilo é importante para sua vida e simplesmente, por razão desconhecida, não conseguir fazer. Pessoas que sofrem com transtornos de ansiedade costumam dizer que mesmo sabendo que têm muitas coisas a fazer diariamente, o desconforto é tamanho, que acabam por fazer quase nada.

CAUSAS – Especialistas apontam que não há uma causa específica para o transtorno de ansiedade, mas, sinalizam ao menos 4 condicionantes: 1) origem familiar ou predisposição genética – por isso tão importante saber o histórico das pessoas mais próximas da família com relação à saúde mental; 2) ocorrência de eventos traumáticos – situações que produzem “gatilhos” no indivíduo a ponto dele reviver o trauma, retornando à dor/sofrimento que experimentou durante o evento causador; 3) estresse crônico – produzido pela naturalização de pequenos estresses do dia a dia, especialmente relacionado ao ambiente de trabalho que, ocorrendo por longo período de tempo, fazem “morada”, se agigantando, se não olhados de forma séria; e 4) desarmonia no ambiente familiar – destaque aos desafios de alguns núcleos familiares frente a membros dependentes de substâncias entorpecentes ou que façam ingestão imoderada de álcool, além de lares onde é recorrente episódios de violência doméstica, intolerância ou desrespeito à individualidade.

TIPOS – Em destaque, 4 tipos de Transtorno de Ansiedade: 1)Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): sensação permanente de que algo de ruim acontecerá; 2) Transtorno do Pânico (TP): episódio agudo, crise curta, que pode envolver desmaios, medo exagerado e dor no peito; 3)Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): decorrente de evento intenso sobre o mental e emocional, com persistência da sensação vivenciada para além da duração do episódio em si; e 4) Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): ligado à compulsividade, obsessão e a impulsos comportamentais involuntários. Bastante associado à limpeza e organização.

Quanto aos episódios de crise, é importante diferenciar crise de pânico de crise de ansiedade. Crises de pânico são mais severas e curtas, sem uma motivação lógica para acontecer. Já as crises de ansiedade costumam se relacionar com fatos específicos reativados por meio de “gatilhos” (situações que fazem lembrar o fato), gerando medo ou preocupação em excesso.

TRATAMENTO – Vale lembrar que o transtorno de ansiedade causa prejuízo às relações interpessoais e desenvolvimento de atividades rotineiras, além de, quando não tratado de forma adequada, constitui fator intimamente relacionado ao adoecimento mental por depressão. A depender do grau da ansiedade, mesmo que a pessoa esteja em tratamento psicoterápico (psicologia), pode se ver incapaz de lidar sozinha com o problema, uma vez que já não dispõe do controle das suas emoções como em momento anterior.

Nesse estágio, o auxílio psicológico deve ser combinado ao auxílio médico psiquiátrico, com a administração de medicamentos sob orientação acompanhamento e por tempo previsto para findar. Geralmente, o tratamento com medicação adequada à condição do paciente dura entre 6 meses e 1 ano. Em algumas semanas, a medida ajuda no reajuste das atividades, dentre elas a retomada da atividade física, controle da alimentação e melhora das relações pessoais. Por fim, cumpro o papel de alertar que o primeiro passo para enfrentar o problema é desmistificar a ideia de que ansiedade associada ao sofrimento é normal. O passo seguinte é buscar ajuda. Afinal, só quem sente sabe a dimensão da própria dor e quando é hora de colocar fim à gangorra das emoções. Sugestão: “Transtornos de ansiedade: o que são, quais os sintomas e os tratamentos” https://www.amesuamente.org.br/

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