O Velho Catita

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Luciano Alberto de Castro
Cronista e professor da Universidade Federal de
Goiás, é mestre em odontologia pela Universidade

Federal de Goiás (UFG), Doutor em ciências da
saúde (UFG), Professor adjunto da Faculdade de
odontologia da UFG
Geraldo Reis, Catitu ou o Velho Catita

A internet é um vastíssimo mundo de informações (e desinformações) infinitas. Um terreno do bem e do mal, que pode esconder desde a mais suja perversão até a última descoberta da ciência. Por isso, deve ser consumida com moderação. Esse uso parcimonioso também se aplica às redes sociais. O trem vicia e aprisiona. Fiquei sabendo de gente que caiu numa dessas redes e nunca mais saiu de lá. Não é o meu caso, ainda. Mas falemos da parte boa. Nesta semana, descobri no Instagram um perfil muito bacana, sobre as lendas de Tchó-Tchó, e aí, deu vontade de escrever sobre uma delas: Geraldo Reis.

Quando o conheci, ele me pareceu meio maluco, inquieto e falastrão. Parecia não levar nada muito a sério. Depois de conhecê-lo melhor, percebi exatamente o contrário: Geraldo Reis, Catitu ou o velho Catita — como prefiro chamá-lo — foi uma das pessoas que mais levaram a vida a sério, porque a vivia em plenitude, intensamente, apaixonadamente. O engraçado é que a palavra “catita” significa elegante, formoso, janota. Uma antítese do nosso Catita (com C maiúsculo), que era sujeito simples e desprovido de vaidade. Se a palavra não lhe traduz os atributos físicos, aplica-se perfeitamente à sua alma: essa era catita, elegante e generosa.

Lembro-me bem dele nas muitas vezes que passei férias em Alcobaça. A casa de veraneio do velho Catita era o reino da alegria (e da arrelia também). Lá, ele folgava no seu habitat natural. Chegava da praia de bermuda, sem camisa, instalava-se na varanda, rodeado de novos e velhos amigos, e o pau quebrava até tarde. Dona Zizinha — uma santa — aguentava o tranco sem reclamar. Eram farras homéricas, comilanças, algazarras saudáveis e rodas de violão. A toca do Catitu era terreiro de samba e MPB. O fato é que onde estava Geraldo Reis não havia tristeza.  

Há 8 anos, o velho palhaço, o amigo de fé, irmão camarada, o pai zeloso, o bon vivant, o amante do futebol e da política partiu, e Teófilo Otoni ficou menos alegre. Do lado de lá, imagino que continue fazendo suas pilhérias, imitando o sotaque carioca e assistindo, na maciota, aos jogos do seu Flamengo. Foi muito bom ter me lembrado, agora, do velho Catita. Dá um ânimo pra seguir na luta que, inclusive, não precisa ser tão luta assim. Pra encerrar a conversa, rogo que o nosso Catitu desfrute da sua merecida paz eterna e que um pouco da sua luz e da sua vontade de viver permaneça entre nós.

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