Justiça condena acusado de duplo homicídio em Teófilo Otoni a 47 anos de prisão

As duas vítimas estão desaparecidas desde outubro de 2016, mas as investigações da Polícia Civil apontam que elas foram assassinadas

Realizada nesta quarta-feira (10/03/21), no Tribunal do Júri do Fórum Desembargador Eustáquio Peixoto, em Teófilo Otoni, a Sessão de julgamento de Matheus Rodrigues, conhecido por Matheuzinho, acusado de duplo homicídio ´triplamente qualificado´ e ocultação de cadáver, tendo como vítimas Julia Cristina Dias de Souza e Sara Rodrigues dos Santos, de 17 e 18 anos, respectivamente, à época do desaparecimento.

A Polícia Civil emitiu nota na noite desta quarta-feira, informando que “o fato ocorreu no ano de 2016, e após intensa e minuciosa investigação pela Delegacia de Homicídios de Teófilo Otoni, presidida pela delegada, dra. Hérika Ribeiro Sena, o acusado e outros três indivíduos foram indiciados pelos crimes relatados, fato que comoveu a sociedade local, até que nesta quarta-feira, um dos acusados foi a júri popular. Os jurados acataram as teses do Ministério Público e ele foi condenado à pena de 47 anos de prisão.

O Promotor de Justiça, dr. Enzo Bassetti, da 6ª Promotoria Criminal da Comarca de Teófilo Otoni informou que o julgamento teve início às 8h da manhã e foi encerrado por volta das 20h. Dr. Enzo destaca que, o acusado e agora condenado foi encaminhado ao presídio de Teófilo Otoni para cumprimento da pena, embora provavelmente a defesa irá recorrer. “Acredito que eventual reforma da decisão seja bastante improvável, principalmente, mais improvável ainda eventual anulação do júri, posto que a opinião do jurado, exceto em raríssimas exceções, ela é soberana”, disse. Para o promotor a justiça foi feita, o que pode trazer um alento para os familiares das vítimas.

O Promotor de Justiça, dr. Hélio Pedro Soares participou de uma fase da investigação, já na fase bem adiantada, ocasião em que ele foi procurado por familiares de uma das vítimas, pra que pudesse de alguma forma ajudar, principalmente para encontrar os corpos até hoje ocultados. “Muito mais por uma situação de ter compadecido com a dor do pai de uma das meninas, eu então me propus a buscar uma forma junto aos investigados e indiciados já naquela época, pra tentar com eles, que confessassem onde eles poderiam ter escondido aqueles corpos”, disse.

Dr. Hélio Pedro destaca que, eram três os suspeitos, todos eles sempre negando autoria, negando a participação, nenhum deles quis cooperar com a investigação no sentido de apontar o lugar em que os corpos possivelmente estariam enterrados. Disse que foi feito até propostas dentro da lei, de delação premiada, uma delação no sentido de apontar tanto o local em que os corpos estariam, quanto a participação de outros envolvidos, mas a negativa deles sempre foi muito firme. Assim, dr. Hélio esgotou todas as suas possibilidades até aquele momento.

Mas o caso ganhou grande repercussão, e dr. Hélio sempre foi procurado, se manteve informado do desfecho. Disse que, mesmo durante o curso do processo já na justiça, esteve sempre ao lado dos colegas promotores novatos que chegavam e pegavam o processo pelo meio, ele dava todas as informações e acompanhava. “Também estive bem assessorado pelos investigadores e pela autoridade policial que presidiu as investigações, prestando as informações, ajudando. Foram muitas as reuniões, mas nós não conseguimos de forma alguma o objetivo maior, que era aplacar um pouco a dor do pai de uma das meninas que tanto deseja até hoje ter os restos mortais dela pra dá-lhe o enterro digno”.

De acordo com as investigações, as duas jovens estariam participando de uma festa, em outubro/2016, em um bairro da cidade, e estavam sendo importunadas constantemente via celular. Elas teriam ido embora pra casa, e mesmo já próximo da meia noite, teriam recebido uma ligação e saído de casa, desde então não foram mais vistas.

Equipe da Delegacia de Homicídios de Teófilo Otoni – Delegada: Dra. Hérika Ribeiro Sena. Escrivão: Ricardson Gil Tavares. Investigadores: Lucas Franca, Winter Goecking, Livia Metri e Cláudio Borges.