Tendências da moda outono-inverno no Brasil: Máscara Saint TroFUÇA, Máscara Segura-papada e Transparent Mask

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Bruno Oliveira
Farmacêutico Analista Clínico
Pós Graduado em Química (UFLA) / Pós Graduado em Docência do Ensino Superior (DOCTUM) / Pós Graduado em Vigilância em Saúde Ambiental (UFRJ) / Pós Graduado em Vigilância em Saúde (Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa)

Olá, o assunto dessa semana será o uso de máscara no combate à Pandemia de Coronavírus. No início da pandemia a Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde não recomendavam o uso de máscara para a população em geral e nem o uso de máscaras caseiras.  A recomendação era apenas para profissionais de saúde em serviço, pessoas infectadas ou com sintomas que pudessem indicar infecção. A principal explicação para não se recomendar era que não havia evidências suficientes para dizer que pessoas saudáveis deveriam usar máscaras e, mesmo que não explícito, havia também o receio que a grande procura poderia ocasionar falta de máscara para os profissionais de saúde e que o mau uso poderia ter um efeito contrário, fazendo com que as máscaras se tornassem focos de infecção.

Com o passar do tempo algumas pessoas/entidades do Brasil e do mundo começaram a defender o uso de máscaras caseiras e pela população geral. Um vídeo da República Checa que foi amplamente difundido nas redes sociais mostrava que sua política de uso de máscaras por toda a população foi o diferencial, junto com as outras medidas já defendidas, para que o país tivesse melhores resultados em relação a outros países da Europa. Com o slogan “I PROTECT YOU & YOU PROTECT ME!” (Eu protejo você e você me protege) e a #MASKS4ALL (Máscara para todos) houve uma grande pressão nas entidades de saúde e de pesquisa para que reavaliassem a estratégia. Mesmo sem pesquisas, até então, que comprovasse a eficácia das máscaras caseiras de pano, o Ministério de Saúde (31/03/20) passou a recomendá-las para toda a população. Muitas publicações sem fundamentação científica alguma (como esta abaixo da Prefeitura de SP) passaram a ser publicadas por muitas instituições.

De lá pra cá, muitas idas e vindas até se chegar num consenso que o uso de máscara é um mecanismo barato e eficaz como medida de segurança para conter o avanço do Coronavírus e diminuir os riscos de transmissão. No final de abril, finalmente, foi publicada na renomada revista American Chemical Society (https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acsnano.0c03252) um estudo sobre a eficácia dessas máscaras e o efeito da utilização de diferentes mecanismos de filtragem que cada tipo de tecido traria. A principal conclusão foi que: é possível a fabricação de máscaras caseiras que ofereçam grau de segurança semelhante das máscaras cirúrgicas e N95, desde que usada da maneira correta. Agora com o respaldo científico não haveria motivos para que essa estratégia não fosse implantada, entretanto vale ressaltar que: máscara alguma será eficiente se não for associada às outras medidas preventivas, como lavar as mãos frequentemente e praticar o distanciamento social.

Feito uma introdução e explanado um breve histórico do assunto “MÁSCARAS” desde o início da Pandemia, vamos ao título da matéria:

Tendências da moda outono-inverno no Brasil

O Brasil e Teófilo Otoni estão dando uma aula de como se comportar mal numa Pandemia. A falta de empatia e de uma consciência sanitária por boa parte da população tem nos deixado indignados e preocupados com as possíveis consequências. Tem uma fala antiga que diz: se você quiser conhecer um pouco da índole de uma pessoa, perceba como ela trata um garçom. Acho que podemos adaptar essa fala aos tempos atuais e analisar as pessoas pelo seu comportamento frente à Pandemia. É inevitável e automático fazer correlação entre as atitudes das pessoas na Pandemia e seus comportamentos coletivos e até morais perante a sociedade. São essas mesmas pessoas que imagino não respeitar as leis de trânsito, que jogam lixo na rua, que abusam do “jeitinho brasileiro” em sua rotina, que furam fila, etc., ou seja, que não aprenderam ainda a viver em coletividade, respeitando o próximo. O uso de máscara seria o mínimo de contribuição que poderíamos aplicar e mesmo assim encontra-se uma resistência inexplicável.

No centro de Teófilo Otoni, em horário comercial, até que a maioria das pessoas está usando máscaras. Muitas vezes de forma errada, com a máscara abaixo do nariz ou do queixo, o que evidencia a necessidade de mais e melhor orientação e educação em saúde por parte dos gestores públicos. Mas existe uma parcela da população que tem me chamado mais atenção, os praticantes de atividade física ao ar livre. Dentre os conhecidos benefícios da prática de atividades físicas, com relação ao combate ao Coronavírus podemos destacar o fortalecimento do sistema imune, o controle das doenças crônicas não transmissíveis e o alívio do stress causado pela quarentena.   Desde o início, mesmo não havendo um consenso por parte das autoridades de saúde, sempre fui favorável a prática de atividades físicas ao ar livre, desde que evitassem locais com aglomerações, que mantivessem o distanciamento social e, claro, fosse usado máscara. A prática da atividade com segurança é totalmente factível, mas o que temos visto aqui em Teófilo Otoni é assombroso. Basta pegar o carro e dá uma volta pela pista de cooper na beira do rio Todos os Santos. Boa parte dos frequentadores está sem máscara ou usando de forma errada. Esporte é saúde, mas para alguns dos esportistas daqui parece que só a saúde deles que importa. Uma grande parcela dos ciclistas (esportistas) de Teófilo Otoni deve achar que os quadros de alumínio e carbono de suas magrelas (bike) repelem o vírus. E as justificativas para o não uso da máscara são as mais indecorosas possíveis. “Ahhh, as máscaras dificultam a respiração”… R: Então diminua a intensidade do exercício. “Ahhh, as máscaras ficam toda hora caindo”… R: Então compre uma máscara que não caia. Meus conterrâneos, entendam de uma vez por todas, não é a Pandemia que precisa se adaptar a você, é você que precisa se adaptar a Pandemia.

O repúdio ao comportamento destes esportistas é ainda maior quando se trata de um profissional de saúde. E, infelizmente, tenho visto muitos dando maus exemplos. O profissional de saúde além de, obrigatoriamente, ter o papel de contribuir com a não disseminação da doença, deve ser um exemplo e difusor de boas práticas. Esse egocentrismo estúpido pode piorar um cenário que já é péssimo.

Desde o dia 20/03/2020 que ninguém, além das pessoas que moram comigo, viu minha boca e nariz. Tenho a satisfação de falar que eu, minha família, meus pais, irmãos e as pessoas que moram com eles não colocaram os pés pra fora de casa sem estar usando máscara. Exagero? Pode até ser, mas estamos seguindo as recomendações das autoridades de saúde, não nos custa nada esse gesto, é o mínimo que podemos contribuir na prevenção e sempre preferi pecar pelo excesso, que pela falta. Esperar mais o que para mudarem de postura? Já são mais de 53000 mortes no país, UTIs com 100% de ocupação em nossa cidade, etc.

Pra finalizar, tenho duas filhas (13 anos, e 03 meses) e espero que demore a aparecer pretendentes aqui em casa, mas quando aparecer, depois de saber o time que ele torce, vou querer saber como foi o seu comportamento a frente à Pandemia.

Sugira novos assuntos ou faça perguntas para que tentemos, com responsabilidade, discuti-las neste espaço. Se cuidem e fiquem em casa.

E-mail: brunotokaia@yahoo.com.br / Instagram: @bruno_tokaia

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