Diário de viagem aos Estados Unidos – parte 2: compartilhando a experiência

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Juliana Lemes da Cruz.
Doutoranda em Política Social – UFF.
Pesquisadora GEPAF/UFVJM.
Coordenadora do Projeto MLV.
Contato: julianalemes@id.uff.br

Conforme alertado no texto da última semana, continuo a expor curiosidades e vivências que captei durante minha viagem de férias aos Estados Unidos, realizada no final do mês de março. É sabido que o Leste e Nordeste do estado de Minas, região de onde escrevo, desde a década de 1990, tem “exportado” cidadãos para aquele país, que se tornou destino de morada de muitos. Em razão disso, parte importante da economia de alguns municípios do entorno da cidade de Governador Valadares tem sido abastecida com recursos oriundos do trabalho dos imigrantes brasileiros nos EUA. Para atualizar o(a) leitor(a), discorro sobre a migração ilegal no texto publicado nesta coluna, em data 04/02.

Pois bem! Nessa parte, dedico-me a expor sobre elementos que julguei serem importantes para destacar em razão da diferença com relação ao Brasil. Assim como nosso país, os EUA é um país de dimensão continental, onde não se deve considerar parte do que é visto como a representação de um todo, uma vez que as regiões e modos de sociabilidade podem ser muito diferentes. Sabendo disso, limitada à vivência na condição de turista, destaco aspectos relevantes sobre os lugares que passei, entre os estados de New York, New Jersey e Connecticut.

Em contraste com o planejamento feito na minha primeira viagem ao país, há oito anos, dessa vez não me dediquei a sinalizar os pontos turísticos que estava interessada em visitar, mas sim, interessou-me o reencontro com americanos integrados à minha família, que vivem por lá, mas também, com pessoas que migraram para os Estados Unidos em busca de melhores condições de vida.

Os imigrantes brasileiros – apenas pelos contatos que fiz nas oportunidades de visita, percebi que estão espalhados por várias partes do país. Ao menos com relação aos mineiros que vivem ao nordeste dos EUA – onde visitei, soube que se concentram, principalmente, no entorno de algumas cidades dos seguintes estados: New Jersey (Newark); Connecticut (Danbury) e Massachusetts (Boston). Ao contrário do que muita gente imagina, mesmo irregulares no país, a depender do sistema de cada estado, os brasileiros documentados podem comprar veículos, abrir contas bancárias, tirar a permissão para dirigir e pagar impostos. Embora possam consumir produtos a preços bastante acessíveis, o custo da moradia, é, por eles considerado alto. Gira em torno de 20 a 25% do que recebem dos serviços prestados em suas respectivas ocupações, que, geralmente, estão associadas às funções de carpintaria, jardinagem geral, limpeza doméstica e atendimento ao público em restaurantes e outros pontos comerciais.

No entanto, também é possível encontrar brasileiros atuando em serviços especializados – que exigem treinamento/experiência prévia. Sobre a remuneração, varia entre 10 e 25 dólares por hora trabalhada. Para exemplificar, convertido em reais, conforme o câmbio atual, se o brasileiro que recebe 15 dólares por hora trabalhar 8 horas por dia de segunda a sábado, receberá o equivalente a R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais) por semana – 720 dólares. Multiplicado por quatro semanas, R$14.400,00 – 2.880 dólares. Para a realidade de um trabalhador brasileiro que desempenha, por aqui, o mesmo tipo de serviço, é algo inimaginável. No entanto, considerando as despesas de um imigrante em país estrangeiro, esses valores não são altos. Junto às pessoas que tive acesso, soube que por lá, também é possível frequentar aulas de inglês gratuitamente.

Rolê de turista sem guia – como não fui turistar de forma convencional, contratando uma agência de turismo, elenquei pontos de interesse para conhecer e contei com a companhia de um tio, americano, e de brasileiros instalados a mais tempo no país. Nas oportunidades, visitei o Museu de História Natural – gigantesco; o Museu da Imigração; a Estátua da Liberdade; igrejas centenárias; Columbia University; o Central Park; o museu em Fort Lee que conta a história da batalha americana na conquista do território, à beira do Rio Hudson, bem próximo à atual ponte George Washington, que liga os estados de New York a New Jersey; Manhattan – Times Square e o famoso touro da Bolsa de Valores Americana, na Wall Street. Além disso, o memorial das torres gêmeas – derrubadas em razão do atentado de 11 de setembro de 2001, que vitimou mais de mil pessoas.

Para percorrer esses lugares é necessário conhecer os percursos – mapas ou GPS e ter dólares disponíveis para custear as entradas em museus pagos. Pode-se ir de metrô (pouco seguro atualmente em NY), Uber, táxi ou ônibus. É possível alugar carros e estrangeiros podem dirigir utilizando suas carteiras de motoristas por um tempo. Eu mesma, dirigi por lá. Vale lembrar que a tolerância da polícia é zero para motoristas que dirigem utilizando o celular. A sinalização de trânsito possui diferenças, mas, com atenção, é possível a rápida adaptação. Compreender o idioma inglês ajuda muito na comunicação, mas, não é condição para se fazer um bom passeio. Embora, não saber inglês, possa refletir consideráveis apertos. Brasileiros não fluentes arriscam o espanhol, que é bastante comum na terra do Tio Sam. Nos estabelecimentos comerciais é usual que os clientes deixem o “tip”, uma gorjeta para os funcionários. Reparei que nem todos os brasileiros seguem esta “etiqueta” – que não é obrigatória.

No mais, vale destacar que a vida nos EUA envolve ampla diversidade cultural e um universo de possibilidades. Não foi possível traduzir por aqui a dimensão das vivências, mas, devo considerar que, de fato, aquela é a terra das oportunidades. (Imagem: amambainoticias.com)

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