Inveja é sobre a dor do próprio fracasso

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Juliana Lemes da Cruz.
Doutora em Política Social (UFF).
Conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Contato: julianalemes@id.uff.br | @julianalemesoficial

Durante toda a minha infância, minha mãe disse uma frase que eu não compreendia bem. Talvez fosse porque eu precisaria entrar em outra fase da minha vida para compreender. Ela dizia: “O que não é visto, não é desejado”. Percebi nos caminhos da vida que isso vale para um belo decote, para um emprego novo, para uma conquista pessoal ou profissional e, pasme! Vale também para quem você é, sua essência. Tudo (absolutamente tudo) quando é visto, é desejado.

Um desejo egoísta de ter acesso ao que o outro tem sem ter que viver o que ele viveu. Não se quer passar pelas dificuldades, pelos perrengues, pelas injustiças suportadas, pelos inúmeros boicotes e tentativas de apagamento por parte de pessoas do entorno. Ninguém quer perder noites de sono, privar-se da companhia dos amigos, deixar de viajar e de conviver com os parentes.

O egoísta, que é, na verdade, um grande invejoso, quer ter o que você tem e ser o que você é, mas, sem esforço. E se isso não for possível, ele deseja que você não avance. Deseja que você não conquiste mais coisas, que você não se supere e que não brilhe. Todas as suas vitórias doem profundamente nele.

Inveja é sobre a dor do próprio fracasso, dos sentimentos de insuficiência, de insegurança e de baixa autoestima. Ele vê em você a materialização do próprio fracasso porque se compara o tempo todo com as pessoas à sua volta. É difícil para ele compreender que cada pessoa tem uma história e os caminhos se abrem na direção do que cada qual busca.

Para diminuir sua dor, o egoísta/invejoso agirá na tentativa de te diminuir, para que ele sinta-se menos medíocre e sem luz. O invejoso sente dor ao ver o outro vencendo. Passará sua vida tentando colocar pessoas de alma grande em caixas de fósforo. Pessoas de alma grande resistirão, mas, o invejoso poderá, com as armas que ele tem, dificultar a vida de quem o incomoda. Apesar de que, jamais será capaz de apagar o brilho alheio, porque é natural, e por isso há lugar para todo mundo. Pessoas são únicas. Há as que já conseguiram identificar sua luz própria, e aquelas que ao se sentirem ofuscadas pela luz alheia, não reconhecem as próprias.

Quando se sentem ameaçados, se puderem, dificultam as vivências alheias. O triste é que, se forem desinteressados em se enxergar, nunca entenderão que, por sermos seres únicos, brilhamos de formas muito diferentes. Como essa blindagem é quase inevitável na vida em sociedade (família, trabalho, comunidade…), aprendi que, se for preciso, recue, mas jamais se apague. Só você é capaz de definir quem é você, suas batalhas e a relevância de cada conquista sua.

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