O fato trágico ocorreu no sábado, 07 de outubro de 2017, na Avenida Alfredo Sá, Bairro São Cristóvão, perímetro urbano de Teófilo Otoni. A viatura vinha se deslocando da cidade de Pavão para a delegacia da Polícia Civil em Teófilo Otoni, trazendo vítima e suspeito no banco traseiro, e no percurso, Valdeir Ribeiro de Jesus, à época com 34 anos, desferiu um golpe de faca no pescoço de Laís Andrade Fonseca, de 30 anos. A arma branca estava com Valdeir desde que ele saiu de Pavão, mas não foi percebido pelos policiais atuantes na ocorrência.
Faca utilizada no crime que vitimou Lais Andrade Câmera instalada pelo autor dentro do banheiro da vítima
Após o fato, os militares procuraram por socorro rápido, parando primeiramente no SAMU em Teófilo Otoni, mas infelizmente Laís já estava morta. Valdeir foi encaminhado à UPA para atendimento médico, em seguida conduzido à delegacia da Polícia Civil, onde foi ouvido pelo delegado plantonista, dr. Eduardo Gil, que ratificou a sua prisão. Ele foi autuado pelo crime de Feminicídio e encaminhado ao presídio local. Na época do crime, o dr. Eduardo Gil disse à nossa reportagem que a primeira análise que fez da situação é que Valdeir praticou sem sombra de dúvidas o crime de Feminicídio.
Ao que constava, inicialmente, é que a Polícia Militar foi acionada por Laís Andrade, que mantinha anteriormente um relacionamento com Valdeir, após romper esse relacionamento amoroso, ele teria instalado um sistema de filmagem na residência dela, e colocando precisamente no banheiro uma câmera, e com uma unidade para armazenar as imagens. Tão logo a vítima descobriu essa situação ilícita, ela recolheu esse material e acionou a PM para o registro.
O delegado disse que “a PM localizou o autor e estaria conduzindo autor e vítima para a delegacia de polícia de plantão em Teófilo Otoni, para lavratura do auto de prisão em flagrante, e no desenrolar desse deslocamento para a unidade policial, ao que consta pelos elementos de provas objetivas e subjetivas, principalmente as subjetivas baseadas nos termos de declarações, é que em dado momento o autor Valdeir teria solicitado que passasse na residência dele alegando que lá iria buscar os documentos pessoais. Lá realmente, pegou os documentos pessoais, mas colocou de forma argilosa e bem sutil no tênis que usava, e ele estava usando uma calça naquela ocasião, uma faca. E ao retornar para a viatura ele não sofrera nenhuma outra busca pessoal”. Autor e vítima vieram juntos no banco traseiro da viatura e já no perímetro urbano de Teófilo Otoni ocorreu o crime dentro da viatura.
Ainda de acordo com dr. Eduardo Gil na época do crime, de acordo com alegações de Valdeir, assim que ele adentrou à viatura, permaneceu sentado no mesmo banco que a vítima, e em dado momento em que ele se sentiu desprezado e até ironizado pela vítima, ele a golpeou a facada no seu pescoço. Após essa ação violenta ele teria tentado também contra sua própria vida, mas não logrou êxito no intento e acabou pulando da viatura que estava em movimento. “O desenrolar dessa situação toda, infelizmente foi o falecimento da vítima no interior da viatura, embora tenha sido providenciado socorro pela equipe do SAMU, e também a recaptura do autor ainda no local do crime”.
Sobre o que constava no REDS quanto ao comportamento do casal dentro da viatura, que os dois vieram dormindo até certo ponto do percurso, o dr. Eduardo disse que o autor não confirmou essa versão. “Eu questionei a ele a situação de como era o clima, como era o comportamento dele e da vítima no interior da viatura, ele me relatou que em momento algum eles adormeceram, ao contrário, eles estavam naquela situação um olhando para o outro e por causa dessa situação que ele afirmou de ironia por parte da vítima, é que ele a golpeou. Mas em momento algum ele alegou ter adormecido no interior da viatura policial, nem a vítima”, disse.
Quanto a conduta dos policiais militares no cenário de crime, o delegado explica que, “Embora algumas pessoas teriam comentado que seria aplicado a eles a questão da omissão imprópria, ou crime comissivo por omissão, a gente não deve levar ainda nessa análise bem superficial em sede de plantão, que a conduta foi omissa a ponto de ser enquadrada num crime comissivo por omissão. Nesse cenário de crime ocorrido nós não visualizamos essa conduta por parte dos militares. A conduta deles não foi omissa a ponto de – percebendo a conduta agressiva do autor, nada fizeram para impedir o resultado -, não foi isso que aconteceu, a conduta deles não foi omissa, percebemos uma postura negligente, que isso vai ser apreciado no decorrer das investigações. Que isso vai e deve ser apreciado administrativamente no que se refere no ponto principal, que é a culpabilidade. Na questão da culpa objetiva, que é a responsabilidade do Estado”. O crime de Feminicídio foi investigado pela dra. Hérika Ribeiro Sena e sua equipe de investigadores da Polícia Civil. (Informações publicadas na ocasião do crime).