Após um ano sem encontros, no dia 08 de março, parte do grupo Mulheres do Cedro, do Projeto Mulher Livre de Violência, se reuniu no espaço da Associação Comunitária Rural do Cedro, em Teófilo Otoni/MG. Em razão da realidade das mulheres do campo, que residem distantes umas das outras e que têm limitações para operacionalização de plataformas virtuais, foi decidido coletivamente que seria feito um encontro presencial em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres. O acesso ao local foi controlado e exclusivo para, pelo menos, metade das mulheres do grupo. Foram tomadas as medidas sanitárias recomendadas pelas autoridades de saúde.
Na ocasião, aconteceu uma roda de conversa sobre as situações cotidianas de discriminação às mulheres, relacionadas aos seus corpos. Isso inclui como se vestem e as demais escolhas que fazem com relação às suas próprias vidas. O debate foi produtivo porque foram expostos diferentes pontos de vista sobre as mulheres em sociedade, provocando reflexões sobre como mulheres enxergam outras mulheres. Nessa mesma direção, foi discutido sobre a sexualidade e como homens e mulheres a vivenciam. As mulheres falaram sobre os abusos de homens para com mulheres, que têm como justificativa o comportamento feminino, assim como a escolha do tipo de roupa. Reafirmaram por algumas vezes que entendem que as mulheres devem ter o direito de usar o que quiserem e que com o pretexto da escolha delas, nenhum homem pode se achar autorizado a assediá-las ou tocar seus corpos sem consentimento.
Após o momento do lanche, também controlado, contamos com a presença da palestrante. Maria Alves, dirigente de Políticas Públicas da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais – FETAEMG e mulher rural quilombola, nos presenteou com uma brilhante exposição sobre a previdência social rural. Na oportunidade, Maria também falou sobre a importância de as mulheres participarem dos espaços coletivos de decisão, porque isso as conferirá protagonismo para a transformação das próprias histórias. Pela insuficiência de tempo para todas as discussões que surgiram, Maria Alves assumiu o compromisso de retornar para esclarecer mais dúvidas e enfatizar o valor da mulher do campo (Fonte: Projeto MLV).