Números de óbitos em Teófilo Otoni decorrentes da covid-19 assustam a população e especialistas

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Fábio Marinho dos Santos
Tenente Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais

Mestrado em Administração; Especialização em Gestão Estratégica de Segurança Pública; Capacitação em Gerenciamento de Crises e Gestão de Riscos no Setor Público

Na data de 26 de junho, Teófilo Otoni atingiu o triste número de 30 óbitos e 712 casos confirmados de pessoas contaminadas pelo coronavírus. Comparando os números com dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, de 26 de junho, constata-se que Teófilo Otoni, em números absolutos, ocupa a 4ª posição, entre os 853 municípios mineiros, tendo número inferior de óbitos apenas que Belo Horizonte (109 óbitos), Juiz de Fora (48 óbitos) e Ipatinga (33 óbitos).

Mais triste ainda é saber que Teófilo Otoni possui taxa de letalidade da doença superior às cidades citadas. A taxa de letalidade verifica uma proporção entre óbitos e pessoas contaminadas, o que evidencia que as ações levadas a efeito pelo gestor local não têm produzido resultados satisfatórios. A taxa de letalidade do Estado de Minas Gerais é 2,1%. Belo Horizonte possui uma taxa de letalidade de 2,1%, Ipatinga tem taxa de 2,2%. Juiz de Fora está com a taxa em 3,4%. Teófilo Otoni está com taxa de letalidade de 4,2% (Fonte: Boletim Epidemiológico – SES/MG de 26 de junho).

Especialistas da Secretaria de Saúde de Minas Gerais já demonstraram preocupação com o avanço da doença no Nordeste Mineiro em razão do número elevado de casos e da frágil estrutura de saúde que a região apresenta no momento. É fato que os óbitos estão acontecendo em Teófilo Otoni não por falta de leitos clínicos ou leitos de UTI para as pessoas contaminadas. O cenário pode se tornar ainda mais catastrófico quando o sistema de saúde da cidade entrar em colapso.

O que justifica os elevados números de óbitos e contaminações da covid-19 em Teófilo Otoni? A indagação não possui resposta de fácil compreensão. Algumas variáveis relacionadas à estrutura do sistema de saúde bem como a fatores subjetivos das vítimas (comorbidades) contribuem para o fenômeno. Entretanto, a não adoção oportuna de medidas não farmacológicas pelo gestor local promoveram um avanço da doença elevando o número de contaminações e de óbitos. As medidas não farmacológicas, que se baseiam em ações preventivas, visam reduzir a transmissibilidade do vírus e reduzir o impacto para os serviços de saúde, diminuindo o pico epidêmico. Em Teófilo Otoni, as poucas medidas adotadas pelo gestor local foram implementadas tardiamente, quando o número de casos já estava elevado.

Nesse sentido, merece ser destacada a adoção de barreiras de biossegurança, também chamadas de barreiras sanitárias. Tais barreiras, em relação à pandemia, constituem pontos de controle que tem por objetivo evitar ou prevenir riscos de contaminação e disseminação da doença. De acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde, as medidas preventivas deveriam acontecer no nível inicial de qualquer ação de resposta. Todavia, em Teófilo Otoni as barreiras de biossegurança só foram levadas a efeito quando o número de contaminados e de óbitos fugiu do controle, não produzindo nenhum efeito preventivo. A sanitização dos logradouros públicos e a indefinição até hoje de um fluxo de atendimento são exemplos que podem ser citados de ações tardias realizadas na cidade.

O cenário que se avizinha não é dos melhores. Apesar de um esforço das autoridades estaduais e federais para potencializar a capacidade do sistema de saúde, a tendência é o surgimento de novas medidas restritivas pelo gestor local para enfrentamento da doença. A utilização de lockdown pode ser o próximo passo.

Apesar dos pesares, há o que comemorar… A organização da sociedade civil, através de um grupo de médicos é um sol no fim do túnel. Desprovidos de qualquer interesse pessoal, este grupo de médicos mobilizou a cidade a assumir uma nova postura diante do fenômeno. Atenda ao chamamento e aliste-se à causa para que haja uma marcha firme e num só passo rumo à mudança do quadro atual.

1 COMENTÁRIO

  1. Teve dados errados nesta pesquisa do Cel Marinho. Nesta data, T.Otoni era a 7º e não a 4º em números absolutos de óbitos, ficando atrás de BH, Uberlândia, Juiz de Fora, Contagem, Ipatinga e GV. É inegável que a conduta da cidade não está boa, mas achei a análise muito simplista. Vários outros fatores interferem nestes números, como a subnotificação de casos, testagem e os números sócio-econômicos do município. Muito provavelmente somos, destas cidades citadas, a quem tem o menor número de leitos hospitalares por habitantes e pior infra de saúde, pior renda per capita, pior escolaridade, etc etc.

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