Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de São Salvador da Bahia
No Domingo de Ramos tem início a Semana Santa, também chamada “Semana Maior” ou a “Grande Semana”, a “Semana das semanas”, pelo seu rico significado religioso cristão. Nela, celebra-se o mistério central da fé cristã, o mistério pascal, a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. A Páscoa, que já era celebrada no Antigo Testamento, recebeu um novo sentido, a celebração da Ressureição de Jesus.
Apesar das transformações rápidas e profundas ocorridas no contexto sociocultural, a Semana Santa continua a ser a “Semana Maior”, ocupando lugar especial na vida do povo brasileiro. O ritmo de vida é alterado, especialmente da Sexta-Feira Santa ao Domingo da Páscoa, com a pausa restauradora que permite descansar, orar e reencontrar-se com Deus, consigo e com familiares e amigos.
A Semana Santa oferece-nos uma ocasião privilegiada para readquirir a paz e a esperança, para refletir sobre o sentido da vida, o caminho percorrido e os passos a serem dados. Quem caminha sem parar pode cansar-se e desanimar ou perder o rumo a seguir. A fé compõe o horizonte que inspira e anima o caminhar, principalmente, quando passamos por maiores dificuldades e desafios.
A Semana Maior integra o vasto patrimônio cultural, religioso e artístico do povo brasileiro, moldando a sua identidade. Manifestações religiosas tradicionais, como procissões e vias-sacras, continuam a figurar no cenário de pequenas e grandes cidades. Com a melhoria das condições da pandemia, procurando-se observar as medidas para preservar a saúde, as celebrações litúrgicas readquirem maior participação.
No Domingo de Ramos tem início a Semana Santa, com a bênção e procissão em que os fiéis levam consigo ramos para recordar a entrada de Jesus em Jerusalém, repetindo o gesto do povo que o recebeu alegremente. Embora toda a Semana seja muito importante, tem especial importância o Tríduo Pascal, que se inicia na Quinta-Feira Santa, com a missa em que se recorda a última Ceia de Jesus e o tradicional gesto do Lava-pés. Na Sexta-Feira Maior, dia da Paixão e Morte de Cristo na cruz, marcado pela oração, silêncio e penitência, não há missa, mas a celebração litúrgica da Morte de Cristo, à tarde, com a apresentação da Cruz e a adoração de Jesus crucificado.
Desde a reforma litúrgica, na Igreja Católica, o sábado não tem sido mais chamado “sábado de aleluia”, mas “sábado santo”, com o silêncio e a meditação junto ao sepulcro de Jesus, à espera da ressurreição. Na noite do sábado ocorre a celebração mais importante do ano litúrgico, a solene Vigília Pascal, com os seus vários momentos, proclamando a ressurreição de Jesus, com grande louvor e alegria. A Páscoa continuará a ser celebrada e vivida, de modo especial, durante cinquenta dias, desde o Domingo da Ressurreição até o Domingo de Pentecostes. (Artigo publicado no jornal A Tarde no dia 10 de abril de 2022).