Ecos de Amor, Fé e Revolução nas Vozes dos Filhos das Gerais

Delegado Geral de Polícia – Aposentado. Prof. de Direito Penal e Processo Penal. Mestre em Ciência das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória/ES. Especialização em Combate à corrupção, antiterrorismo e combate ao crime organizado pela Universidade de Salamanca – Espanha. Advogado. Autor de livros
Quem sonhou só vale se já sonhou demais
Vertente de muitas gerações
Gravado em nossos corações
Um nome se escreve fundo
As canções em nossa memória vão ficar
Profundas raízes vão crescer
A luz das pessoas me faz crer
E eu sinto que vamos juntos
Oh, nem o tempo amigo
Nem a força bruta pode um sonho apagar
Quem perdeu o trem da história por querer
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo (Beto Guedes)
DEDICATÓRIA — Aos Mestres da Palavra e da Vida
Dedico este ensaio àqueles que, com a luz do saber e a força da palavra, desenharam em minha alma os contornos da linguagem e da vida.
Aos meus inesquecíveis professores, que ao longo dessa jornada foram faróis nas madrugadas do conhecimento.
Em especial, minha eterna reverência aos mestres da Língua Portuguesa e da Literatura, das escolas Sebastião Ramos, Sidônio Otoni, Arthur Bernardes de Topázio, Benedito Valadares e Escola Batista — templos onde os primeiros sopros da estilística tocaram meu espírito inquieto.
Foi ali, entre carteiras de madeira e o aroma do giz, que me apaixonei pela arte de brincar com as palavras, dando vida a neologismos, costurando prefixos e sufixos como quem tece novas galáxias lexicais.
Me encantei pelo bucolismo, pelas metáforas do sertão, pelos campos de regionalismo onde floresce a alma mineira.
Nasceu assim o meu próprio caminho: o jurispoético, uma vertente de escrita que une o rigor jurídico com o lirismo das palavras.
São mais de vinte obras jurídicas, mais de quinhentos textos doutrinários, mais de duas mil frases, pensamentos e poemas — sementes lançadas ao vento, doadas de coração aberto à sociedade brasileira.
A todos que me acompanham nessa travessia literária, meu mais sincero, efusivo e eterno agradecimento. O Autor
RESUMO: 13 de julho — O Canto Imortal da Alma Brasileira
O Dia do Cantor é celebrado, com louvor e reverência, em 13 de julho — data que ressoa nos corações apaixonados pela música, em especial por sua conexão com o Dia Mundial do Rock, símbolo de rebeldia, liberdade e expressão.
Entretanto, esta data vai além de guitarras e baterias estrondosas. Ela se transforma em tributo universal a todos os cantores e cantoras, de todos os gêneros e estilos, dos sertões às metrópoles, das veredas mineiras às esquinas do mundo. Ainda que não exista lei específica instituindo oficialmente esta celebração, o reconhecimento pulsa forte nas almas que são tocadas por suas vozes.
O cantor é mais que um intérprete. É ponte entre o silêncio e a emoção, entre a palavra e o infinito. É aquele que dá vida às letras, alma às melodias, esperança aos corações cansados. Sua voz ecoa onde as palavras se calam. Por vezes, consola; noutras, desperta e revoluciona. Sempre, encanta.
A profissão de cantor ganhou contornos jurídicos com a criação da Ordem dos Músicos do Brasil, por meio da Lei nº 3.857, de 22 de dezembro de 1960 — marco que reconhece juridicamente aqueles que, com talento e técnica, elevam a arte musical à dignidade de ofício.
Este texto rende singela, mas profunda, homenagem aos talentosos cantores de Minas Gerais — terra onde a música nasce das montanhas e se derrama pelas estradas como rio de encantamento. É claro que nenhuma lista será suficiente para abarcar a imensidão da arte e da cultura musical do estado, mas aqui celebramos aqueles que brilharam e ainda brilham, deixando sua marca indelével na alma do povo brasileiro.
Que neste 13 de julho, a voz do cantor seja mais uma vez um clarim da esperança, um hino à beleza da existência e um grito poético de liberdade.
Minas Gerais é um celeiro inesgotável de talentos musicais, culturais, artísticos, que atravessam ritmos, gerações e sentimentos. Neste texto, sem pretensão exaustiva, homenageamos os artistas mineiros que marcaram a história da música brasileira — do sertanejo ao rock, da MPB ao funk, do gospel ao ritmo brega — com a citação de versos inesquecíveis que ecoam de cada canto das alterosas. Um passeio metafórico, poético e épico pela geografia afetiva da canção mineira.
Palavras-chave: Música mineira; Cantores de Minas; MPB; Sertanejo; Rock nacional; Cultura popular; Poesia musical.
PREFÁCIO
- Falar sobre mais uma contribuição do Professor Jeferson Botelho à literatura brasileira é mais que um privilégio; é um mergulho na essência da arte e da cultura nacional.
- Neste dia emblemático, dedicado aos cantores, o poeta do Vale do Mucuri nos brinda com uma obra que transcende o papel, transformando-se em uma verdadeira ode à musicalidade de Minas Gerais, ecoando pelos rincões do Brasil.
- O autor, com sua fidelidade histórica, habilidade literária e um senso poético refinado, faz da língua portuguesa um campo fértil, onde brinca com as palavras como quem cultiva flores raras. Por meio de construções léxicas cuidadosamente arquitetadas, homenageia os artistas de Minas Gerais, sem jamais olvidar suas raízes regionais.
- Destaca com orgulho sua terra natal, Teófilo Otoni, no coração do Vale do Mucuri, exaltando a riqueza cultural de seus artistas e eternizando, em versos e prosas, o talento de homens e mulheres que levaram a alma mineira para os palcos do Brasil e do mundo.
- Com olhar generoso, o professor Jeferson Botelho estende sua gratidão a todos os cantores que, com suas vozes, depositaram um pouco da alma do povo mineiro nas melodias universais.
- Homem de saber, jurista respeitado, grande lente do ensino superior, ele agora reafirma sua condição de menestrel do Vale do Mucuri, poeta lírico que, com maestria, transforma sua terra natal e seu encantado distrito de Mucuri na gênese de uma produção literária que une arte e saber jurídico.
- Esta obra é um lenitivo para as almas sensíveis, um alento para os amantes da boa literatura, uma partitura escrita com a tinta da emoção e da memória.
- Confesso, com orgulho e emoção, que me sinto profundamente lisonjeada por apresentar ao público este novo trabalho desse mineiro das letras, cuja existência parece ter sido moldada para brilhar e encantar.
- Que continue a exalar o néctar poético e a sensibilidade da alma que o tornam um dos grandes nomes da literatura contemporânea de nossa Minas Gerais.
Elisabeth Pimenta de Oliveira Botelho – Bacharela em Direito pela Faculdade Estácio de Sá e estudante de Medicina Veterinária no Centro Universitário UNA.
INTRODUÇÃO
Minas Gerais não é tão somente território físico; é território de sons, de vozes, de emoções. Minas Gerais não é só minério, montanha e misticismo. Minas é melodia, voz embargada e verso rasgado de emoção. É sertão que canta, favela que improvisa, palco que acolhe. Cada uma das 853 cidades carrega um timbre, um acorde, uma canção que revela a alma de um povo.
O amor pode nascer em qualquer lugar, do clube da esquina em Santa Tereza, aos rincões das montanhas das gerais, da maravilha das pedras preciosas de Teófilo Otoni, do encanto da Ilha dos Araújos de Governador Valadares; da praça da Jaboticaba, da Casa da Cultura, dos Parques Gentil Diniz e Fernão Dias, da Rua do Registro, em Contagem; da exuberância de Monte Verde; da bela orla da Pampulha de Belo Horizonte; dos belos jardins de Poços de Caldas; da tenra e estonteante beira Lago em Boa Esperança, da exuberância de São Lourenço, e de tantos outros locais.
Enfim, pode-se o amor brotar da exuberante Extrema, no sul de Minas ao talentoso Vale do Jequitinhonha, onde arte e a cultura se encontram para celebrar a honradez de um povo gigante, valente por natureza, que transpira ternura e solidariedade.
Música é poesia que ganha corpo e voz, que se espalha no ar como o vento nas montanhas de Minas Gerais. É melodia que nasce da alma, feita de sentimentos que escorrem como riachos de palavras, lavando a terra com emoção e memória. Minas é esse território encantado onde cada acorde é verso, cada nota é estrofe. Terra onde a música se curva diante da poesia, e a poesia se levanta em forma de canção. Onde os cantores caminham lado a lado com os poetas: Carlos Drummond de Andrade, com suas pedras e estradas interiores; João Guimarães Rosa, com sua travessia de palavras em sertões infinitos; Adélia Prado, com seus suspiros de fé e cotidiano transformado em oração. A ternura que habita a alma de Rubem Alves nos dando uma boa esperança para viver em sua plenitude.
E tantos outros menestréis da palavra e do som, que desenham nos céus de Minas a partitura da existência. Aqui, poesia e música se entrelaçam como duas vertentes de um mesmo rio, derramando beleza, resistência e encanto sobre o chão de todas as Minas e de todos os Gerais.
Dos clássicos aos contemporâneos, das divas às duplas, a música mineira pulsa como o coração do Brasil. A imponência sonora de Agnaldo Timóteo, que fez da emoção sua bandeira. A doçura de Paula Fernandes, que acaricia o sertão com cada nota.
A leveza encantadora de Roberta Campos, que transforma silêncios em melodias. A voz imortal de Altemar Dutra, que ainda embala corações saudosos nas madrugadas do mundo. A poesia encantada de Paulinho Pedra Azul, que pinta o amor com tintas do interior. O regionalismo indomável de Zé Geraldo, grito livre de quem canta com os pés na terra. A alma sertaneja de Eduardo Costa e Léo Magalhães, que traduzem em voz as paixões do povo. A inesquecível Clara Nunes, deusa da música que fez do samba um templo. A elegância melódica de Alexandre Pires, o toque suave que dança entre o romantismo e o groove. O encantador João Bosco, alquimista das palavras e harmonias. A canção esperançosa de Beto Guedes, arauto de um novo mundo possível.
E o que dizer de Nilton César? Voz encantada, timbre divino — um trovador do amor que entoa, com ternura incomparável, melodias eternas que habitam a alma popular. Em cada verso, um suspiro; em cada nota, um pedaço de coração. “A Namorada que Sonhei”, “Amor Tem que Ser Amor”, “Felicidade”, “Lílian”, “Caminhemos”, “Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme”, “Devolvi”, “Você Vai Gostar (Lá no Pé da Serra)”, “Guarânia da Lua Nova”, “Ao Mundo Vou Contar”, “Não Quero Ser Mais Um”, “Canção do Motorista”, “Professor Apaixonado”, “Cor de Café”, “Eu Sou Eu” — e tantas outras joias sonoras que explodiram nos peitos apaixonados do povo brasileiro como estrelas em noite sertaneja, iluminando com beleza e saudade o caminho dos que amam. Nilton César não canta: ele consagra. Não interpreta: ele eterniza. É o trovador das almas enamoradas, o arauto de um tempo em que o amor era rei e a música, seu trono de ouro.
Das terras férteis de Minas Gerais, nasceu um dos maiores símbolos da música sertaneja de raiz: o inesquecível Trio Parada Dura. Com suas vozes marcantes e canções que tocam a alma, encantaram o Brasil de Corinto a Comendador Gomes Ferreira, cruzando serras, vales e corações com sua poesia sonora.
É uma história marcada por lutas, transformações e novas formações, mas sempre fiel à essência que consagrou o trio como patrimônio da música popular. Suas músicas são memórias vivas do povo brasileiro, hinos de superação, saudade e amor.
Clássicos eternos como “Onde Estão os Meus Passos”, “Barco de Papel”, “Aceita Que Dói Menos”, entre tantas outras, não são apenas canções — são poesias que embalam o sertão e a cidade, que choram e sorriem com quem as escuta.
O Trio Parada Dura é mais do que música: é raiz, é resistência, é o retrato lírico de um Brasil profundo e verdadeiro.
E assim tantos outros mestres e mestras, cavaleiros e damas da música popular brasileira, que desfilam versos como se fossem orações — melodias que fazem o povo entoar alegria, saudade e paz de espírito.
São eles os guardiões da sensibilidade nacional, os arautos da beleza em tempos de ruído. E enquanto houver um acorde no ar, haverá esperança no coração do Brasil.
ANÁLISE CRÍTICA: A MUSICALIDADE MINEIRA COMO EXPRESSÃO DA IDENTIDADE NACIONAL
Ao percorrer a trajetória desses artistas, evidencia-se que a música mineira é mais que entretenimento: é um ato de resistência cultural, uma manifestação identitária que conecta o Brasil profundo com a modernidade das grandes metrópoles. Minas constrói sua sonoridade com base na pluralidade: do samba ao sertanejo, do pop ao MPB, do regional ao universal.
A força da música de Minas reside em sua capacidade de narrar o cotidiano com poesia, de transformar as pequenas coisas da vida em grandes acontecimentos sonoros.
Os artistas mineiros, cada um com sua linguagem e seu tempo, são os guardadores da memória afetiva de um povo que canta para não esquecer, canta para sobreviver e canta para eternizar.
A crítica aponta que, enquanto o mercado fonográfico se curva às modas passageiras e à estética descartável, Minas Gerais preserva o conteúdo, a melodia e a poesia como elementos essenciais da arte. Há, na música mineira, um compromisso com a profundidade, com a emoção genuína e com a beleza que atravessa gerações.
De Ubá, nasceu Ary Barroso, que eternizou a brasilidade em “Aquarela do Brasil”:
“Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro…” — hino que percorre os quatro cantos do mundo.
De Paraopeba, Clara Nunes encantou o país com sua fé e axé:
“Canto para anunciar que chegou a primavera…”, levando a religiosidade afro para o mainstream com doçura e respeito.
Em Caratinga, Agnaldo Timóteo emprestou sua voz a paixões desesperadas:
“Mamãe, mamãe, mamãe, eu quero…” — grito de saudade que ecoa no coração dos filhos distantes.
Ana Carolina, de Juiz de Fora, foi direta:
“Quem de nós dois vai dizer que é impossível o amor acontecer?” — provocando com voz rouca e coragem.
De Passos, o gospel ganhou força com Thalles Roberto e sua entrega:
“Deus da minha vida, fica comigo…”, unindo louvor e groove.
Padre Fábio de Melo, de Formiga, encantou fiéis e ateus:
“Tudo é do Pai, toda honra e toda glória…”, mostrando que fé também rima com poesia.
Do sertão de Presidente Olegário, o astro Gusttavo Lima conquistou multidões com:
“E o coração, como é que faz? Pra te esquecer…”
Leo Magalhães, de Teófilo Otoni, seguiu no mesmo tom apaixonado:
Muitas vezes ela abriu o coração. Pra me entregar o seu amor. E eu feito idiota, inconsequente nunca parei pra ouvir. Confesso que eu tive em minhas mãos.
A joia rara e nunca dei valor. Não cuidei, não lapidei, então dancei. Tenho que admitir. Hoje minha vida é só beber e chorar. O meu travesseiro é a mesa do bar
Desculpe esse vexame, por me descontrolar assim. É que a saudade tá doendo em mim. Pode ser duro na queda, ter coração de pedra. Mas quando um grande amor vai embora. Aí o homem chora, aí o homem chora. Pode ser duro na queda, ter coração de pedra. Mas quando um grande amor vai embora. Aí o homem chora, aí o homem chora….”, ressoando em cada mesa de bar.
Eduardo Costa, de Abre Campo, cantou as dores do amor vivido no limite:
“Sigo te amando, mesmo sabendo que você não vale nada…”
Em Monte Santo de Minas, Milionário fez história ao lado de José Rico:
“Estrada da vida, sou um viajante…” — o hino do caminhoneiro e do romântico.
Marina Sena, de Taiobeiras, reinventou a MPB com frescor:
“Por suposto que eu já não te amo…” — ousadia e sensualidade no mesmo verso.
Roberta Campos, de Caetanópolis, nos envolveu:
“De janeiro a janeiro, até o mundo acabar…” — promessa de amor eterno.
Rogério Flausino, de Alfenas, e o Jota Quest cantaram esperança:
“Dias melhores pra sempre…”, uma prece em forma de pop.
Samuel Rosa, de BH, deu poesia ao cotidiano com o Skank:
“Vou deixar a vida me levar…”, filosofia mineira com sotaque de juventude.
Flávio Venturini, também da capital, nos levou para dentro de si:
“Nascente, um doce mistério…” — lirismo puro em cada nota.
Vander Lee, outro filho de Belo Horizonte, cantava:
“Esperando aviões…” — metáfora para amores que nunca aterrissam.
Moacyr Franco, de Ituiutaba, nos fazia rir e chorar:
“Ainda ontem chorei de saudade…”, lembrando que brega também é arte.
Nelson Ned, de Ubá, pequeno no corpo, gigante na emoção:
“Se as flores pudessem falar, diriam tudo por mim…”
Márcio Greyke, de BH, e sua “Impossível Acreditar que Perdi Você”, ecoam até hoje nas rádios do coração.
“Eu já não consigo
Mais viver dentro de mim
E, e viver assim
É quase morrer
Venha me dizer sorrindo
Que você brincou
E que ainda é meu
Só meu, o seu amor”
Altemar Dutra, de Aimorés, cantava o amor ferido com nobreza:
“Que queres tu de mim?” — pergunta eterna do apaixonado.
Victor e Leo, de Ponte Nova, trouxeram o sertanejo universitário à consagração:
“Borboletas sempre voltam…”
Zé Geraldo, de Rodeiro, fez da caneta uma arma:
“Milho aos pombos, pedras aos urubus…” — crítica social com violão de resistência. A meiga senhorita faz encantar corações:
“Aqui é pequeno
Mas dá pra nós dois
E se for preciso
A gente aumenta depois
Tem um violão
Que é pra noites de lua
Tem uma varanda
Que é minha e que é sua
Vem morar comigo
Meiga senhorita
Vem morar comigo
Doce e meiga senhorita
Vem morar comigo”
Silvio Brito, de Três Pontas, nos fez sonhar:
“Pare o mundo que eu quero descer…”
Lucas Lucco, de Patrocínio, soube unir a sofrência à estética fitness:
“Mozão, não precisa mudar…”
Wando, de Cajuri, seduziu corações com suas calcinhas emolduradas:
“Fogo e paixão…”, símbolo máximo do brega-erótico.
Rubinho do Vale, de Rubim, cantou a roça com poesia:
“Na beira do rio, a viola chora…” — saudade do interior.
Eduardo Araújo, de Joaíma, precursor do rock rural:
“O bom…” — retrato do jovem rebelde com um pé no mato.
Ainda de Joaíma, do Vale do Jequitinhonha, aparece como luz, Carlos Lucena.
Terra de Santa Cruz – Canto de Esperança e Renascimento
Terra de Santa Cruz…Solo sagrado que brota sustentabilidade, onde as águas correm como versos livres, as chuvas descem como bênçãos e a luz, teimosa e persistente,
ilumina o novo caminhar de um povo que resiste e sonha. É o canto de um Poeta do Vale,
que transforma a dor social em poesia sonora, que enxerga nas cicatrizes da terra a promessa de florescer. Sua voz ergue pontes invisíveis entre a esperança e o amanhã, entre o ontem de lutas e o hoje de transformação. A cada amanhecer, uma nova travessia…A cada acorde, um chamado à consciência…A cada palavra, um convite à mudança.
Carlos Lucena, com sua “Terra de Santa Cruz”, não apenas canta…ele planta sementes de justiça, de inclusão, e faz da música um abrigo para os que ainda acreditam que é possível nascer de novo… todos os dias.
Padre Zezinho, de Machado, e sua missão:
“Amar como Jesus amou…”, ensinando que a canção pode ser catequese.
Nilton César, de Ituiutaba, com sua voz romântica:
“Professor apaixonado…” — lembrança da juventude de caderno e flores. O clássico dedicado a namorada que sonhei:
“Receba as flores que lhe dou
E em cada flor um beijo meu
São flores lindas que lhe dou
Rosas vermelhas com amor
Amor que por você nasceu
Que seja assim por toda vida
E a Deus mais nada pedirei
Querida, mil vezes querida
Deusa na Terra nascida”
Gino & Geno, de Itapecerica, esbanjaram irreverência:
“Ela chorou de amor…”, com pinga e saudade.
Fernando Mendes, de Conselheiro Pena, nos fez refletir:
“Você é um caso sério…”, a ironia do romântico desiludido.
Paulino Pedra Azul, da cidade de mesmo nome, nos presenteou com lirismo:
“Jardim da fantasia…”, onde mora a infância da canção. Aclama que precisamos de amor em sua poética música:
“A vida é um espaço de ternura
não precisa de amargura
pra nascer um novo amor
e o tempo sai correndo para o nada
de que valem esses rancores
precisamos de amores”.
João Mineiro, de Andradas, escreveu páginas douradas do sertanejo raiz ao lado de Marciano.
Alexandre Pires, de Uberlândia, deu ao samba uma nova elegância:
“Que se chama amor…”, sedução em cada acorde. O mineiro que encanta o mundo com sua irreverência musical. Talento a flor da pele. Poeta lírico que nos encanta com suas belas canções.
Regis Danese, de Passos, evangelizou multidões:
“Faz um milagre em mim…”
O bom rapaz na voz de Geraldo Nunes, de Teófilo Otoni, cidade do amor fraterno.
“Te amar demais. Ser um bom rapaz, foi o meu mal…”
Do vale do Jequitinhonha, na querida Medina, nasce o cantor e compositor Tadeu Franco, que com eco de poesia assevera na plenitude de nós dois a beleza do Vale da Arte.
E nós que nem sabemos quanto nos queremos. Que nem sabemos tudo que queremos
Como é difícil o desejo de amar. Você que nem me soube quanto eu quis. Que não me coube, não me viu raiz. Nascendo, crescendo nos terrenos seus.
Também de Teófilo Otoni, vem o talento de Ricardo Di Carvalho, em suas asas da ilusão, carrega na algibeira, os sonhos de colibri.
“Essa saudade que aos poucos me invade, sem razão e nem por quê, essa ausência essa ansiedade. De me encontrar com você que me domina, cuja forma me fascina,
feito um sonho desvairado. Minha pureza meu pecado, alguém que ainda não vi
Sou água, sou cristal, sou líquido, sou flor nascendo aqui. Você minha esperança, meu amor, minha criança, meu colibri…”
De Ponte Nova, emerge o grande sucesso de João Bosco, com seu papel machê.
“Cores do mar, Festa do Sol, Vida é fazer, todo sonho brilhar, Ser feliz, No teu colo dormir, E depois acordar, sendo o seu colorido, Brinquedo de papel machê…”
De Teófilo Otoni, o talentoso Kiel Cavalcanti: A Voz que Leva Teófilo Otoni às Noites do Rio.
Um talento que transcende geografias, cuja voz poética ecoa como brisa sonora, partindo de Teófilo Otoni para embalar as noites encantadas do Rio de Janeiro.
Em cada interpretação, derrama beleza e sentimento. Sua voz carrega a ternura como essência, e a emoção como destino.
Mineiro de raiz, carioca por conquista, Kiel enobrece a musicalidade das madrugadas cariocas, levando em cada acorde o perfume da terra natal e a grandeza da arte que emociona, transforma e permanece.
Ainda de Teófilo Otoni, vem César Porto, com seu estilo único; versatilidade que encanta.
Voz que Encanta, Alma que transforma. Talento que não apenas canta… encanta!
Profissional que carrega na alma a força da própria voz, como quem traduz em notas aquilo que o coração não consegue dizer.
Nos bailes festivos, nos enlaces de amor, nos cantos de barzinhos iluminados pela esperança, ele é sempre único, sempre intenso…
No palco, não é só artista… é alquimista de emoções, moldando a ternura e espalhando sentimentos bons como quem semeia flores no asfalto da vida.
Um artista completo, que transforma cada melodia em abraço sonoro e faz ecoar, em cada acorde, o espírito da cidade do amor fraterno.
Sua música não é apenas som… é poesia em movimento, é alma em estado de voo.
De Três Pontas, o quase mineiro Milton Nascimento, cuja Voz Minas Abraçou
Cantor nascido no solo carioca, mas forjado na alma mineira, tornou-se filho de Minas Gerais não apenas por destino, mas por adoção afetiva e existencial. Minas o recebeu com braços abertos, com amor, poesia e devoção. E, como reconhecimento desse vínculo indissolúvel, foi-lhe concedido o título de Cidadão Honorário do Estado de Minas Gerais, por meio da Lei Estadual nº 8.725, de 08 de novembro de 1984.
Milton, com sua voz que ecoa nas montanhas, nos vales e nos corações, eternizou sentimentos e verdades que atravessam gerações. Em “Canção da América”, afirmou com a grandeza dos poetas que “amigo é coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração”.
Em “Coração de Estudante”, manifestou sua inquietude social e humana, convocando todos a cuidarem da vida, a zelarem pelo mundo, a protegerem a amizade, a cultivarem a alegria e a espalharem sonhos no caminho. Verde esperança, planta de sentimento, folha de juventude, raiz de fé.
E quando chegou a “Travessia”, revelou com lágrimas e coragem a dor da partida e a força da resistência:
“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver… forte eu sou, mas não tem jeito… hoje eu tenho que chorar.”
Milton Nascimento é mais que um cantor. É ponte entre saudade e esperança. É travessia entre a dor e a fé. É a própria essência de Minas transformada em som, poesia e eternidade.
CONCLUSÃO
A CANÇÃO
(O TILINTAR DAS PÉROLAS – Caio Duarte)
Cantar
Porque é
Da tradição oral
A canção
Letra
Para irmanar-se
À música
Dois elementos
Fundindo-se
Em um só
Que se basta
Feito estrela
De luz própria
Cantar
Pois a canção é ilusão
Que flora no rosto
Calcário do real
Cantar
Posto que diz
A tradição
A canção é fundamental
Minas canta com todos os seus sotaques, crenças, amores e dores. Das montanhas de Ubá às veredas de Teófilo Otoni, das vielas de BH aos campos floridos de Taiobeiras, brotam vozes que transformam sentimento em arte. Minas Gerais não apenas contribui — ela é a alma sonora do Brasil.
Cada verso citado aqui é um relicário do tempo, uma partitura viva que pulsa nas veias de um país apaixonado por música.
E por fim, Paula Fernandes, a voz que Brotou do Seio de Minas. De Sete Lagoas para o mundo, nasceu uma estrela que canta como quem colhe flores no silêncio da manhã. Paula Fernandes é a tradução da alma mineira em forma de melodia: doce, intensa, serena e profunda como os rios que cortam as montanhas de Minas Gerais. Sua voz não apenas embala, mas embebe o coração em um orvalho de sentimentos guardados.
Em “Seio de Minas”, canção que mais do que música, é um manifesto lírico, Paula nos devolve às origens, às raízes da terra natal, ao colo de mãe, ao aconchego da casa antiga.
“No seio de Minas plantei meu destino, sementes de sonhos brotando em canção…” — assim ela canta, como quem escreve no barro sagrado do tempo a história de um povo inteiro.
Cada verso é uma lembrança da vida no interior: o cheiro de café passado no fogão à lenha, a viola dedilhada sob o alpendre, os olhos marejados de saudade. Paula não apenas canta Minas; ela é Minas. Seu timbre de cristais reflete o brilho das estrelas de Sete Lagoas, cidade que a viu crescer com a alma já afinada.
Com seu romantismo agreste, sua doçura firme, Paula Fernandes ergue pontes entre o sertão e a modernidade, entre o feminino sensível e a mulher forte que venceu com talento e coragem. Ela canta o Brasil rural com elegância, com emoção, com orgulho das origens. E quando entoa “Seio de Minas”, faz da música um regresso ao lar — mesmo para quem nunca foi mineiro.
Paula Fernandes é mais do que uma cantora: é um sentimento em voz alta, é a musa do interior do Brasil. Em “Seio de Minas”, ela não canta apenas para encantar. Ela canta para nos lembrar que somos feitos de terra, amor, saudade e sonho. E que, por mais longe que a vida nos leve, sempre haverá em nós um lugar reservado para voltar — um seio de Minas para repousar o coração.
Nessa toada que ecoa como brisa encantada nos vales de Minas, ergue-se mais que uma simples sinopse — revela-se um relicário de arte e musicalidade, uma ode sagrada ao sentir profundo. É o canto lírico que beija os ouvidos da alma, que eleva os corações apaixonados ao céu das emoções e inunda de ternura os peitos calejados do povo brasileiro. Neste compasso de amor e esperança, a canção mineira se faz prece, se faz cura, se faz abraço em tempos de dor. É o milagre da poesia sonora, que floresce mesmo no sertão da tristeza, semeando fé, encantamento e o mais sublime dos sentimentos: o amor em estado de graça.
Por fim, é imperioso exaltar a grandiosidade de Teófilo Otoni, guardiã altiva dos ideais republicanos e farol aceso da liberdade. Cidade-matriz que pulsa no compasso da justiça e do lirismo, onde a poesia se confunde com a Constituição, e a arte caminha de mãos dadas com o saber.
Solo sagrado de juristas e poetas, de ministros da Suprema Corte e escritores imortais; terra fértil onde a inteligência floresce como flor rara em jardim de pedras preciosas.
É o rincão de Kiel Cavalcanti, que transforma a alma em voz; de Geraldo Nunes, que eternizou o encanto do “bom rapaz”; de Léo Magalhães, que derrama amores em notas de viola e saudade. Lado outro, Cesinha Porto, versatilidade que encanta. Voz que Encanta, Alma que transforma. Talento que não apenas canta… encanta!
Aqui, o talento brota com a mesma naturalidade com que o sol rasga o horizonte: na música, na literatura, na ciência jurídica e até nos gramados que a bola consagra.
Teófilo Otoni é estrela de múltiplas pontas.
É Bela Vista, onde o olhar se encanta com a paisagem e o espírito repousa na beleza do nome.
É o lendário Iracema, onde a alma da cidade se revela nas histórias contadas pelos seus filhos mais nobres.
É também o distrito de Mucuri, morada do menestrel e do jurista, onde os versos dançam com a doutrina, e a coragem se entrelaça com a sabedoria.
Ali nasceram escritores, pensadores, mestres da Segurança Pública — guerreiros das letras e da lei — que, com coragem destemida, gravaram seus nomes nas páginas indeléveis da história nacional.
Teófilo Otoni, terra onde o amor fraterno é lei não escrita, e a fraternidade pulsa como hino silencioso no peito do seu povo.
E mais: é a majestosa capital das pedras preciosas, onde cada gema carrega não apenas valor, mas também memória, luta e identidade.
A cultura pulsa como a alma de um povo. As artes, em suas múltiplas formas, são o grito colorido de uma nação que resiste, sonha e transforma. E a Constituição de 1988, com todas as suas letras e promessas, é a partitura jurídica onde se escreve — e se luta — pelo direito inalienável de criar, sentir e viver a beleza da diversidade cultural brasileira.
Minas Gerais, com sua alma serena e altiva, encanta os corações do povo brasileiro. Brilha nas cordas da viola, nas linhas da poesia, nos traços da arte, nos ritos da cultura, nos dribles do futebol, nos tratados das ciências jurídicas, nas inovações da tecnologia, nas descobertas da ciência, nas telas do cinema e, sobretudo, na essência da vida.
Neste enredo de encantamentos, ecoa com força a máxima sagrada: a liberdade começa em Minas. E, nesse cenário de encantos mil, Teófilo Otoni se ergue como berço da liberdade, estrela cintilante no céu mineiro, exercendo papel fundamental na promoção artística, jurídica e esportiva deste chão sagrado.
Cidade de pedras preciosas, que reluzem não apenas nos garimpos da terra, mas também nas joias humanas que ali florescem — vozes que cantam, mentes que brilham, pés que encantam nos campos da bola. Teófilo Otoni transcende sua geografia: é um hino à vida, à beleza rara, ao saber que liberta e à arte que transforma.
Minas, com Teófilo Otoni no coração, não apenas encanta — ilumina o Brasil com o fulgor de sua liberdade e o esplendor de sua alma imortal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição federal de 1988. Disponível em Constituição. Acesso em 15 de junho de 2025.