Megaoperação “Custos Fidelis” expõe aliança entre Comando Vermelho e facção mineira no “mercado atacadista”

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Polícia e MP desarticulam rede bilionária do tráfico ligada à facção de Teófilo Otoni

TEÓFILO OTONI: Uma investigação de um ano e meio revelou como o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, e a facção Família Teófi lo Otoni (FTO) estruturaram um verdadeiro “mercado atacadista” do tráfico de drogas no país. O esquema abastecia facções em vários estados e movimentava milhões de reais por meio de empresas de fachada.
A ofensiva, batizada de “Custos Fidelis”, foi deflagrada na quinta-feira (25) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), com apoio do GAECO e de outros órgãos federais. Foram cumpridos 48 mandados de prisão e 84 de busca a e apreensão em Minas, Amazonas, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Até agora, 19 pessoas foram presas.
Entre os bens bloqueados estão: R$ 18 bilhões em recursos e patrimônios atribuídos às facções, oito veículos e uma mansão de luxo em Maceió (AL) avaliada em R$ 3,9 milhões. A operação também apreendeu drogas, armas e munições.

Estrutura empresarial do crime – De acordo com o MPMG, a FTO operava como uma empresa do crime, com núcleos de logística e finanças bem definidos. O grupo comprava drogas diretamente do CV no Amazonas. O pagamento era feito por meio de empresas de fachada dos setores de gás de cozinha, internet e, principalmente, pescado — cada uma movimentando cerca de R$ 25 milhões por ano para dar aparência legal ao dinheiro. Relatórios de inteligência financeira identificaram depósitos pulverizados(“smurfi ng”) que somaram R$ 2,3 milhões em apenas uma semana e mais de R$ 8 milhões em um único mês.

Violência e intimidação –
Além do esquema financeiro, as investigações apontam que a FTO atuava com extrema violência para dominar territórios, inclusive em comunidades de Belo Horizonte. Criminosos chegaram a usar fardas da PM e da Polícia Civil para invadir aglomerados, executar rivais e ameaçar agentes de segurança. Em Teófilo Otoni, bairros como Matinha, Frei Júlio, Ipiranga, Bela Vista e Vila Betel foram alvos da operação. No bairro Frei Júlio, um confronto resultou na morte de Fábio Henrique Mendes Rodrigues, o “Fahen”, apontado como um dos líderes da facção na região. Ele chegou a ser socorrido no Hospital Santa Rosália, mas não resistiu. “Golpe no coração financeiro” – Para o procurador-geral de Justiça de Minas, Paulo de Tarso, atacar o poder econômico é a forma mais eficaz de enfraquecer as organizações criminosas: “Não será trocando tiros que vamos vencer o crime organizado, mas sim com inteligência, atacando aquilo que é mais precioso para eles: o lucro.”

A porta-voz da PMMG, major Layla Brunnela, destacou que havia uma gestão fixa em Teófilo Otoni que prestava contas diretamente ao Comando Vermelho no Rio de Janeiro. O coordenador do GAECO, promotor Giovani Avelar Vieira, reforçou que a “Custos Fidelis” teve como alvo principal o coração financeiro das facções: “Conseguimos identificar que, em apenas uma semana, eles movimentaram mais de R$ 2 milhões, chegando a mais de R$ 8 milhões em determinado período.” Impacto esperado para a região – As forças de segurança consideram a operação a maior do ano no combate ao tráfico de drogas no Brasil. A expectativa é de que a ofensiva enfraqueça significativamente a atuação das facções no interior mineiro e reduza os índices de violência em Teófilo Otoni e na região.

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