Em meio a essa pandemia com tantas notícias tóxicas, tentemos minimizar os danos presentes e futuros que ela causa/causará ao nosso psicoemocional…
Urge, assim, que saibamos filtrar o que recebemos pela “Ágora de Atenas” desse terceiro milênio que é a internet – e, por inequívoca extensão, a Grande Mídia e também os fazedores e propagadores de fake news [notícias falsas], para preservarmos a nossa saúde psicoemocional.
Posto assim, permita-me relatar que durante a minha infância em Coroaci gostava da brincadeira de pular corda: duas pessoas seguram as extremidades de uma corda e ficam balançando em círculos de forma simultânea até encontrar um giro uniforme a tocar levemente o chão. Os demais participantes se enfileiram para entrar no espaço circundado pela corda e se esforçam em pular sincronizadamente de maneira que não toque na corda e não comprometa a pulsação.
Se o voluntário for precipitado e não perceber o instante exato para entrar no espaço demarcado, irá emaranhar-se na corda e fazê-la parar. Com isso, estará queimado e perderá o jogo. Se, ao contrário, for prudente demais, o candidato corre o risco de não entrar nunca no espaço da corda, ou seja, não participará, de fato, da brincadeira; ficará somente apreciando os outros jogarem.
O bom pulador não cochila – fica atento aos que estão comandando os movimentos da corda e mensura seus efeitos pelo ritmo, pela altura e amplitude do espaço circunscrito a ser penetrado. O zumbir da corda e o ruído de seu impacto no chão são outros importantes sinalizadores do momento de entrada e saída do jogo.
Faz muito, muito tempo que não brinco com esse tipo de corda. Hoje não tenho sequer preparo físico para tanto – que o diga o fisioterapeuta Thales Ramalho de Freitas, que me orienta nas sessões de hidroterapia. Em compensação, tenho me envolvido em outros jogos de corda que exigem tanta habilidade quanto. Saber entrar e sair da infinidade de situações que a vida nos apresenta é um exercício diuturno de agilidade e senso de oportunidade. Num abrir e fechar de olhos, temos que fazer escolhas, tomar decisões e entrar de cabeça na dança que nos envolve. Se as ações forem acertadas, será motivo de satisfação e regozijo. Caso contrário, de frustração.
Assim também são as relações interpessoais – elas normalmente envolvem conflitos -, quer sejam amorosas, entre filhos e pais, entre amigos, entre colegas de trabalho.
Quem aprende a pular corda, nunca esquece. Hoje, quando preciso emitir uma opinião melindrosa para alguém, procuro o tempo certo, pois sei que, se me precipitar, a corda estanca e me queimo. Por outro lado, se me acovardar e me eximir de fazê-lo, estarei fora do jogo. É como ter que escolher entre a precipitação e a prudência. Mas cá entre nós, viver sem pular corda não tem graça nenhuma. A propósito, você já pulou corda…?! Ainda pula até hoje…?!
Sobre o colunista: Aníbal Gonçalves é pedagogo, graduado em Administração Escolar, ex-diretor da Escola Estadual de Coroaci – MG [hoje Dona Sinhaninha Gonçalves] e professor de Filosofia, Sociologia e História da Educação. Foi chefe do Departamento de Educação Cooperativista da CLTO. Atualmente, jornalista e radialista da 98 FM (Teófilo Otoni) e colunista deste Diário Tribuna.