Em mais esta edição, a campanha de valorização das mulheres na linha de frente do combate à pandemia de Covid-19 apresenta mais uma homenageada. Desta vez e, propositalmente, buscamos um depoimento recente que pudesse nos expor como foram as fases dos últimos seis meses de pandemia. A proposta para as últimas participantes da campanha é apontar as principais percepções que tiveram nos meses iniciais da crise sanitária, durante o período de ápice dos casos e atualmente, quando os registros de pessoas adoecendo parece estar estabilizado na região do Vale do Mucuri.
Para a nossa homenageada de hoje, vivemos um “novo normal”. Tempos que exigiram de todos, certo grau de mudança. Camila Oliveira é profissional da área de saúde, atuante como farmacêutica-bioquímica no laboratório do Hospital Philadelfia, em Teófilo Otoni. Ela é casada, mãe do Pedro de seis anos e do Miguel de oito. Além do trabalho desempenhado no hospital, ainda dá conta das tarefas domésticas e de uma pós-graduação online. Pontuou sobre as dificuldades do início da pandemia relatando que “O desafio maior que a Covid-19 trouxe para nós trabalhadores da área da saúde foi equilibrar nosso profissionalismo e o nosso emocional.
Impossível estar na linha de frente e não se solidarizar com as vidas atingidas diretamente pela doença e não nos imaginar na mesma situação. A pandemia nos deixou totalmente vulneráveis e lidar com esses pacientes é lidar diretamente com o medo de adoecer, com o medo de levar a doença pra dentro de casa”. Camila sabe bem o que isso significa porque viu seu filho Miguel ter de ficar internado por “seis longos dias” no final do mês de junho. Ele foi diagnosticado com o novo coronavírus.
À época, ela fez o teste e deu negativo, mas seu esposo, que trabalha no sistema penitenciário, acusou indeterminado. Na dúvida, veio logo o pensamento de culpa do momento, em pensar que havia levado a doença para casa. Após esses dias de incerteza, Miguel venceu a doença e ficou bem. O susto de Camila representa o que muitas mães, que precisam sair de casa para trabalhar, sentem ao perceberem que podem ter levado para seus lares uma doença que tem provocado tanto transtorno às famílias.
“O início da pandemia foi bastante assustador, o medo foi companheiro por todos esses meses. Meus pais fazem parte do grupo de risco e ter que ficar um pouco mais distante tornou a situação ainda pior”. Camila finalizou destacando as mudanças que puderam ser observadas na rotina das pessoas mais comprometidas com a saúde própria e alheia. Essas mudanças se encaixariam no que ela denomina de ‘novo normal’. “Esse novo normal, que abrange todas as áreas da nossa vida. Desde a maneira que passamos a enxergá-la, até nossos hábitos mais cotidianos. Distância passou a ser também prova de amor, coisas simples do nosso dia-a-dia ganharam mais sentido e valor. Novas ações foram incluídas na nossa rotina e hoje são feitas de forma automática, como a higienização de compras e tudo que chega em nossas mãos e em nosso lar”.
Nesse molde, a Camila reafirma o novo comportamento social a partir da chegada agressiva da doença que ainda não se sabe quando teremos respostas para lidar com ela. O que sabemos até então é que o método mais adequado para evitar a contaminação pela Covid-19 ainda é o uso de máscara de proteção facial, a sistemática higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel/líquido e o distanciamento social.
Pela representação das mulheres na linha de frente do combate à pandemia, pelo importante trabalho desenvolvido e pela consciência do momento em que passamos, nossa singela homenagem à Camila. A exemplo dela, outras tantas mulheres mães, esposas e trabalhadoras, continuam a desempenhar suas atividades com prestação e atenção, mesmo sabendo dos riscos que ainda correm em levar a tão temida enfermidade para casa. Como pontuou Camila, […] Agora com a pandemia mais controlada, a gente volta a pensar na nossa vida e o que será daqui pra frente”.