Sonho que se sonha junto: faltam projetos, rumos…

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Aníbal Gonçalves – Pedagogo

Parafraseando Raulzito, tomo “emprestado” – sem nenhuma conotação pejorativa, uma expressão que a saudosa prefeita Maria José citava em seus discursos… “Sonho que se sonha só é só um sonho. Sonho que se sonha junto se torna realidade”.

O que servia para embalar as jovens tardes de domingo, agora também serve para alertar aos “sonhadores.” Sejam petistas ou não. Mas que sejam, preferencialmente, teofilotonenses. E, assim, teofilotonense [ainda que honorário] que sou, aqui vivo e daqui retiro meus parcos ganhos que me permitem sobreviver. Mas e quanto a tantos outros milhares que nos espreitam lá do alto da chapada? Por eles – sem demagogia, me curvo, faço críticas e espero que sejam avaliadas pela atual gestão como construtivas ao status quo reinante em Teófilo Otoni.

Na atual gestão municipal falta planejamento e, sobretudo, autonomia para que secretários [e secretárias] possam desempenhar e bem as suas atribuições. Claramente não há sequer uma tentativa de se integrar as diferentes pastas da atual gestão municipal. Cada secretário deveria, inclusive, conhecer não só os problemas (e as ações) da sua pasta, mas também aqueles/as que permeiam as de seus colegas.

Quando muito, há momentos de dispersão e de redundância, apesar das tentativas de um ou outro colaborador do prefeito de fazer fluir iniciativas para planejar ações da atual gestão de Teófilo Otoni. O prefeito – centralizador ao extremo, deveria intervir, chamando seus colaboradores de volta ao norte proposto, visando cumprir as promessas – agora vãs, feitas durante a campanha eleitoral passada.

A iniciativa do prefeito de realizar obras e/ou “remendos” à véspera das eleições – vide a desastrada manta asfáltica a frio colocada nesse período de chuvas na avenida Rachid Handeri, no bairro Bela Vista –, revela a dúvida quanto a eficácia dessas ações. Não sou pessimista, sou cético. E nisso se traduz a minha inquietação. A atual gestão municipal, se reeleita, poderá levar Teófilo Otoni a um caos inimaginável nesse segundo mandato. E então, o que é para ser uma continuidade certamente vai virar continuísmo. E o que é dramático: as falhas do atual (des) governo municipal tendem a permanecer inalteradas.

Faltam projetos, rumos… e o sonho que cerca de um terço do eleitorado [petista] teofilotonense sonhou junto não dá mostras de se tornar realidade.

E para não ficar na crítica pura e simples, causando a inanição do sistema, proponho contribuir de forma voluntária para que esse status quo seja revisto.

Até o presente momento, não há uma só iniciativa do prefeito – a não ser suas críticas pontuais, de aproximação com os governos estadual e federal, o que inviabiliza uma gestão eficaz de Teófilo Otoni, já que cerca de 90% do orçamento municipal é “engessado” e pouco sobra para se investir em infraestrutura e na melhoria da qualidade de vida da população.

É uma exigência institucional esse meio dedo de prosa entre os entes federativos.

Na atual gestão há cabeças pensantes, mas há também divergências entre as partes que precisam ser superadas via diálogo. Para o bem do teofilotonense que mora no andar de baixo ou no alto da chapada. Senão corremos o risco de morrermos (quase) todos queimados nessa fogueira de vaidades.

O prefeito, em um momento de lucidez, deveria fazer a sua parte. Mas já findando o seu mandato, não o fez, contribuindo para o caos reinante em Teófilo Otoni – e a sua reeleição somente ampliará essa gestão inoperante e eivada de discursos vazios, superficiais, nus.

Assim, a retórica petista de que “sonho que se sonha só é só um sonho. Sonho que se sonha junto se torna realidade”, tornou-se um repositório de falas ocas que nos dão a dimensão exata da tragédia que se abaterá sobre Teófilo Otoni caso o prefeito seja reeleito.

Aníbal Gonçalves é pedagogo, graduado em Administração Escolar, ex-diretor da Escola Estadual de Coroaci – MG [hoje Dona Sinhaninha Gonçalves] e professor de Filosofia, Sociologia e História da Educação. Foi chefe do Departamento de Educação Cooperativista da CLTO. Atualmente, jornalista e radialista da 98 FM (Teófilo Otoni) e colunista do Jornal Diário Tribuna.

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