A nova mulher tem se reconhecido e se firmado ao longo das décadas. Ela descobriu que não precisa mais responder ao mito da “caixinha”. Aquele constrangimento, às vezes, sutil, para que seja e se comporte exatamente como as pessoas do seu ciclo de convivência esperam de uma mulher. Pensando nisso, venho captando, cada vez mais, como as diferenças entre mulheres e homens limitam a liberdade feminina. Às vezes, nem mesmo as mulheres percebem isso, porque tudo está no alicerce da sociedade, é estrutural. Ou melhor, isso é cultural, despertado ao longo da vida. Muito do que aprendemos leva-nos ao sofrimento. Já que é assim, e como não está em nós, não seria melhor desaprendermos? As frases abaixo têm o objetivo de provocar suas reflexões: concordância, discordância, aprendizado ou desaprendizado. Fica por sua conta!
1: As flores são lindas, mas a nova mulher prefere o respeito;
2: A maternidade realiza muitas mulheres, mas dói. A nova mulher percebeu que não precisa romantizar essa fase da vida que machuca seu mamilo, empedra o leite do seu seio, a limita para muita coisa e além disso, exige 99% de seu tempo para o bebê, até para fazer suas necessidades fisiológicas;
3: A menstruação não é mais um tabu. A nova mulher percebeu que o sangramento mensal é sua potência e que não deve se envergonhar dela. Manchou a roupa? Tudo bem. Há dias que o fluxo é intenso e pode acontecer em locais públicos. Paciência;
4: Alguns homens interrompem as mulheres enquanto elas estão fazendo uso da fala. A nova mulher percebe quando isso acontece e se posiciona;
5: A nova mulher percebeu que mulheres e homens podem cuidar muito bem das crianças, mesmo as de colo. Os bebês dependem exclusivamente das mães apenas para virem ao mundo. Até a amamentação, por vezes, é “terceirizada”. De resto, as demais etapas da tarefa do cuidado, qualquer homem pode fazer;
6: A nova mulher percebeu que a culpa que sente por não dar conta de conciliar a vida profissional e a vida pessoal é algo que ela precisa retirar do seu radar;
7: A nova mulher, mãe, já não nutre o sentimento de culpa por ter decidido deixar que o seu filho seja criado pelo pai;
8: A nova mulher percebeu que a sociedade faz cobranças cruéis às mulheres, mas não aos homens;
9: A nova mulher descobriu que se ela educar seus filhos, seja menino ou menina, com certos valores, eles vão crescer acreditando que não podem ser o que quiserem;
10: A nova mulher descobriu que não há manual ou tutorial on line que oriente como ser uma boa mãe;
11: A nova mulher percebeu que após se separar do companheiro, não precisa ficar recolhida, vivendo o luto pelo fim do relacionamento, se não quiser;
12: A nova mulher descobriu que o seu corpo se submete às suas próprias regras. Se outras pessoas decidem sobre ele, é porque ela está permitindo que isso aconteça;
13: A nova mulher olha com desconfiança o homem que fala mal de outras mulheres para ela, embora possa fingir concordar com ele;
14: A nova mulher já não evita dizer que sabe algo, só para não frustrar um homem que faz questão de provar sua virilidade;
15: A nova mulher valoriza mais a postura respeitosa de um homem do que sua aparência;
16: A nova mulher descobriu que deve investigar como o boy que acabou de conhecer tratava suas ex- -namoradas e como trata sua mãe. Ela sabe que ele seguirá o mesmo padrão;
17: A nova mulher percebeu que não tem o poder de mudar o(a) outro(a) e que é melhor não se arriscar em um relacionamento que já dá pistas que será abusivo;
18: A nova mulher sabe que precisa de ajuda para romper ciclos violentos, porque eles doem e confundem a mente;
19: A nova mulher percebe quando um homem não acredita em sua capacidade profissional;
20: A nova mulher não usa da sua condição feminina para potencializar preconceitos sobre as mulheres. Ela deixa claro o que pensa, sem rodeios;
21: A nova mulher se permite sorrir e ser aberta com as pessoas porque sabe que não precisa fechar a cara para garantir respeito;
22: A nova mulher percebeu que apoiando outras mulheres, ela se apoia;
23: A nova mulher entendeu que apesar de expresso ao contrário em lei, homens e mulheres não são iguais;
24: A nova mulher sabe bem que as profissões de maior prestígio social são protagonizadas por homens e que nesses espaços as mulheres são vistas com desconfiança;
25: A nova mulher percebeu que as tarefas domésticas não se resumem às expressões de amor e/ ou cuidado com a família. Na verdade, é trabalho não remunerado e cansativo, destinado, majoritariamente, às mulheres;
26: A nova mulher percebeu que não existe o termo “ajudar” nas tarefas domésticas se a pessoa que “ajuda” também vive naquela casa. É seu dever!;
27: A nova mulher descobriu que o pai da criança não a “ajuda” a cuidar, porque a responsabilidade também é dele;
28: A nova mulher percebeu que se não ocupar espaços de decisão, suas condições de vida não mudarão;
29: A nova mulher entendeu que só mulheres enxergam como mulheres, e para transformar realidades, precisa aprender como funciona a política;
30: A nova mulher percebeu que os espaços de decisão política precisam de mais mulheres. Só assim, as pautas femininas sairão da invisibilidade;
31: A nova mulher confirmou que só o conhecimento liberta e que marcar posição a coloca no jogo, tornando-a mais forte;
32: A nova mulher percebeu que não deve romantizar o fato de ser multitarefas. Ela não é uma heroína e não é mais capaz que os homens. Só foi ensinada a dar conta de tudo, diferente deles;
33: A nova mulher descobriu que o discurso da preservação da família só faz sentido se ele não perpetua a dor das mulheres ou demais membros;
34: A nova mulher se veste da maneira que lhe convém, porque ela descobriu que sua roupa não define quem é;
35: A nova mulher percebeu que não precisa estar em um relacionamento afetivo para ser feliz. Ela se basta;
36: A nova mulher sabe que os esforços de mulheres de outras gerações repercutem hoje e que se ela não buscar por seus direitos, eles serão esquecidos;
37: A nova mulher percebeu que homens podem apoiar mulheres, mas, eles nunca as representarão;
38: A nova mulher percebeu que outras mulheres ainda têm medo dos desafios do mundo, por isso, precisam se unir para falar sobre como superá-los a partir de si;
39: A nova mulher observou que muitas mulheres são enganadas com discursos que elas gostam de ouvir e que, cruelmente, as mantêm como invisíveis;
40: A nova mulher percebeu que a rivalidade feminina é uma cruel estratégia para enfraquecer as mulheres. Separadas, são mais fracas;
41: A nova mulher já não acha normal que homens e mulheres sejam tratados na sociedade de forma tão desigual;
42: A nova mulher percebeu que apesar dos avanços femininos, os espaços ainda não são representativos de mulheres;
43: A nova mulher não acredita que mulheres estão ocupando espaços de homens. Elas ocupam espaços que sempre lhes foram negados;
44: A nova mulher descobriu que enquanto viver a vida dos seus filhos, não construirá sua própria identidade;
45: A nova mulher sabe que as vozes da maioria das mulheres são caladas. Por isso, as mulheres que têm voz, precisam falar por elas e contra o silenciamento das demais. (Imagem: depositphotos).