A incrível história da jovem Maura

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Uma Mulher que machuca corações

Jeferson Botelho Pereira – Professor de Direito Penal e Processo
Penal. Especialização em Combate à corrupção, Antiterrorismo
e combate ao crime organizado pela Universidade de Salamanca –
Espanha. Mestrando em Ciências das Religiões pela Faculdade
Unida de Vitória/ES. Advogado e autor de obras jurídicas. Palestrante.

Eu não posso mais comprar

Eu não posso mais passar naquele supermercado

Onde ela trabalha

Mulher que machucou meu coração

A vida é um recheio de sentimentos e acontecimentos; luzes, escuridão, sol, chuva, noite e dia, sonhos, quimeras, avanços e retrocessos, sofrimento, alegria, chegada e partida, um cenário de imaginações inesgotáveis. O encanto de um amor recente, suas decepções, frustrações, ondas ora mansas do mar de Nova Viçosa ora violentas de Itapoã varrendo as cicatrizes que marcam insucessos, derrotas, vitórias e conquistas, um misto de vida intensa e decepções. Nesse veloz sentimento de angústias, dissabores e reencontros, realidades e utopias tomam conta do processo histórico da vida.

Nessa mesma toada, tem o presente texto literário fim colimado de apresentar as primeiras impressões e apontamentos conclusivos sobre a histórica da jovem Maura, musa de um supermercado, um misto de ficção e realidade; assim essa mulher atraente despertou interesse e mexeu profundamente com o coração de Manoel, um sujeito simples, morador da região nordeste do país.

Chovia muito naquela noite de primavera na cidade de Balsas, lugarejo com pouco mais de 90 mil habitantes, grande produtor de sojas no interior do Maranhão. Os rios Balsinhas e Maravilhas enchiam muito. Tudo isso era uma grande novidade. A situação pouco vista na cidade despertava os corações plangentes, inspirando o lirismo de poetas, um cenário de encantos e paixões, a chuva balançava as folhas das árvores, o vento era muito forte, varriam imaginações, a enxurrada descia da parte mais alta da cidade, pegando quase todo mundo de surpresa.

Era noite de um sábado, fazia calor, não obstante a chuva que caia de forma insistente, aliás, situação pouco visto na cidade, de repente o frenético e apaixonado Manoel Gomes, ilustre morador do município saiu de casa às pressas a procurar de algo para comer, pois tinha muita fome, não tinha sequer açaí em sua casa, isto porque alguém havia pegado seu açaí, e juntando a vontade de comer e os pensamentos voltados para Seixa, uma namoradinha de infância, que Manoel arrumou, isto porque deixou de ser besta, o sofrimento aumentava, e assim, desesperado, caminhava acelerado e procurava de canto em canto, onde poderia ter um lugar aberto que pudesse comprar algo para saciar a sua fome.

Tinha apenas em mãos uma caneta azul para escrever suas cartinhas e uma cédula de 50 reais. Saiu a pé, meio que contando os passos, e contando também os pingos d’águas da chuva, e a fome apertava, Manoel sofria muito, sempre afirmando que um homem apaixonado sofre muito. Não tinha mais nada na despensa da cozinha. Já era tarde, parecia que não acharia nada aberto na cidade; andou muito mesmo, circulou pelas ruas de inúmeros bairros, dentre eles Fátima e Açucena Velha; desesperado Manoel finalmente encontra um hiper supermercado aberto na avenida Raimundo Félix, no centro da cidade. De plano, Manoel se dirige ao setor de carrinhos do supermercado que fica do lado direto, perto da seção das frutas, e logo pegou um carrinho para colocar os itens comprados.

Não podia comprar muita coisa; o dinheiro era pouco, mas logo quis comprar um quilo de maçã, mas a fruta não tinha preço e como tinha dúvida sobre o valor do produto, se dirigiu a uma servidora do estabelecimento para perguntar o valor desse item; a servidora educadamente informa o valor do produto. E mais que isso, a servidora acompanha o comprador, indica os locais dos produtos, mostra-lhe as sacolinhas plásticas, um belo de um atendimento. Manoel fica impressionado com tamanha ternura e eficiência e resolve perguntar o nome daquela colaborada, que logo resolve dizer Maura.

Parecia amor à primeira vista. Manoel, um poeta de amor avassalador, com sangue que jorra na epiderme, ser humano que se destaca pela essência do amor, pelo néctar do sentimento arrasador, um homem simples e humilde, de gestos marcantes, logo se apaixonou e escreveu um poema para arrebatar o coração de Maura.

“(…) Eu nunca esqueci daquela mulher

Que eu amei naquele tempo

O nome dela é Maura

Ô mulher que machucou meu coração

O nome dela é Maura

Ô mulher que machucou meu coração

Eu não posso mais comprar

Eu não posso mais passar naquele supermercado

Aonde ela trabalha

Ô mulher que machucou meu coração

Aonde ela trabalha

Ô mulher que machucou meu coração

É triste demais

A um homem viver apaixonado

Como eu vivo pela Maura

E dela eu nunca esqueci

Como eu vivo pela Maura

E dela eu nunca esqueci

O jeito que eu vivo

Está muito triste

Essa minha situação

Ela não lembra mais de mim

O nome dela não sai do meu coração

Ela não lembra mais de mim

O nome dela não sai do meu coração

Eu nunca esqueci daquela mulher

Que eu amei naquele tempo

O nome dela é Maura

Ô mulher que machucou meu coração

O nome dela é Maura

Ô mulher que machucou meu coração

É triste demais

A um homem viver apaixonado

Como eu vivo pela Maura

E dela eu nunca esqueci

Como eu vivo pela Maura

E dela eu nunca esqueci

É triste demais

A um homem viver apaixonado

Como eu vivo pela Maura

E dela eu nunca esqueci

Como eu vivo pela Maura

E dela eu nunca esqueci

Xamã deu umas cartas pra ela

E tá com mais de ano

Que estamos separados

Só vi ela naquele tempo

Ainda hoje continuo apaixonado

Só vi ela naquele tempo

Ainda hoje continuo apaixonado

É triste demais

A um homem viver apaixonado

Como eu vivo pela Maura

E dela eu nunca esqueci

Como eu vivo pela Maura

E dela eu nunca esqueci

Como eu vivo pela Maura

E dela eu nunca esqueci

Como eu vivo pela Maura

E dela eu nunca esqueci (…)”

REFLEXÕES FINAIS

Percebe-se claramente que os dados históricos lançados sobre os fatos relacionados à Balsas fazem parte do senso coletivo, percebido notoriamente, mormente quando da alusão de dados geográficos e socioeconômicos; outros, como projeto de citação da jovem personagem Maura, são criações, imaginações, ficções, produções literárias do autor, não descartando a possiblidade de coincidência dos fatos alusivos à personagem Maura, quando da criação da letra da música pelo talentoso Manoel Gomes, um moço simples, aparentemente apaixonado à moda antiga, do tipo daqueles que ainda mandam flores. Na construção musical, às vezes com traços de sensibilidade, mas em certas ocasiões, já manda logo o recado para aquelas garotas que querem fazer hora com a cara dele. Em certo momento disparou contra uma dessas meninas dizendo-a que se não o amasse, melhor que não ligasse, e nem ficasse fazendo queixa, afirmando que a vida dele era sofrer, a ponto de tomar veneno.

O apelo romântico que Manoel Gomes demonstrou à Maura, com as belas palavras lançadas na missiva, dizendo que nunca a esqueceu, afirmando ser triste demais para um homem viver apaixonado, nem isso comoveu o coração petrificado da Maura. Era comum os jovens confundirem o tratamento solícito de Maura, uma jovem educada, religiosa, profissional exemplar, tinha sempre sua foto estampada no quadro de avisos do estabelecimento como destaque do mês, isso era constante, uma mulher bonita, polida, educada, de profunda lhaneza, encantava a todos com sua simpatia, solteira, mas se dedicava aos estudos porque tinha vocação para estudar Direito, era encantada com o direito penal e pensava prestar o vestibular, terminar o curso, tendo como bibliografia básica os livros do Professor mineiro Jeferson Botelho e depois prestar concurso para Delegado de Polícia. Esse era o seu sonho de menina.

O balsense Manoel Gomes, com amor e humildade, vem arrebentando nas paradas do sucesso. Simples, muito humilde, um moço que brilha com sua forma de se apresentar e de se comunicar. É capaz de cantar o seu sucesso Caneta Azul, como também, desenvolve sua melodia sobre o passarinho que foi preso, mas foi-se embora da gaiola, judiaram do passarinho, mas ele bateu asas e sumiu no mundo. Conta que o passarinho ficou tão triste que não voltou mais.

Esse momento de sucesso coloca Balsas em plena evidência, e sua história se transforma desde a grande contribuição do baiano Antônio Ferreira Jacobina, passando por sua emancipação política desde o decreto-lei nº 820, de 30 de dezembro de 1943, o município de Santo Antônio de Balsas passou a se chamar simplesmente de Balsas, hoje importante polo maranhense que brilha o sol na amplidão do horizonte, florescendo buritis e arrozais, com raios dourados da lua, clareando cachoeiras e cascatas, qualificando-a com eterno amor, como bem retrata o seu hino.

REFERÊNCIAS

MARANHÃO. Prefeitura de Balsas. Disponível em https://www.balsas.ma.gov.br/cidades/cidades/. Acesso em 18 de dezembro de 2022.

MÚSICA MAURA. Disponível em https://www.letras.mus.br/manoel-gomes/maura/. Acesso em 18 de dezembro de 2022.

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