Falar para pares: “Molduras do Feminicídio”, Academia e Polícia

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Juliana Lemes da Cruz. Doutora em Política Social (UFF).
Conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Contato: julianalemes@id.uff.br | @julianalemesoficial

Falar para pares significa falar para pessoas com experiências comuns. Alinha-se à ideia de identidade, explorando elementos característicos de membros de um grupo e/ou suas formas de sociabilidade. Com base na leitura do que almejava o público o qual eu direcionaria minha apresentação, decidi comentar aspectos da interface “Academia e Polícia” que dificilmente seriam abordados em um evento daquela magnitude.

Entre os dias 22 e 25 de outubro, por convite da Diretoria de Operações – DOP, da Polícia Militar de Minas Gerais – PMMG e com a autorização do Comando da 15ª Região de Polícia Militar, Unidade onde atuo, participei do Seminário de Prevenção à Violência Doméstica – 2023, que reuniu no Village Resort, município de Jaboticatubas/MG, cerca de 250 policiais militares atuantes ou coordenadores das Patrulhas de Prevenção à Violência Doméstica – PPVD, de todas as 19 Regiões do estado de Minas.

Equipe DOP na abertura do evento

Na ocasião, dentre os cinco palestrantes convidados, fui a terceira a expor o conteúdo proposto: apresentação de alguns pontos da minha tese de doutorado intitulada “Molduras do Feminicídio”. Assim, por estímulo preliminar de alguns colegas, não me ative exclusivamente ao conteúdo da tese, motivo pelo qual abordei sobre a minha experiência de pesquisadora, ao mesmo tempo, que profissional de ponta da segurança pública. As demais palestras foram conduzidas por Soraya Romina, Subsecretária Estadual de Políticas para Mulheres; Coronel Lázaro, Chefe da Assessoria de Relações Institucionais – ARINS/PMMG; Karine Tassara, Delegada DEAM Sul/Noroeste; e Roberta Tomaz, Gerente de Capacitação e Prevenção às Violências – SSP (Brasília/DF). Importante ressaltar que o evento foi aberto pela Major Jane, Chefe da DOP, com a presença do Coronel Marcelo, Chefe do Estado Maior da PMMG. E fechado, também por aquela oficial, com a presença da Coronel Gracielle, Comandante da Polícia de Meio Ambiente.

Apresentação Seminário

Expus sobre a interface “Academia e Polícia”, destacando que todos estamos diante e sentados sobre “minas de informação”. Que levar nossas percepções ao conhecimento do público externo por meio da produção acadêmica e/ ou interação interinstitucional, fortalecerá nossa instituição, legitimando-a como lugar onde seus membros produzem conhecimento, a partir de suas ricas vivências cotidianas.

Apresentei aos meus pares os desafios enfrentados durante o doutorado, enfatizando como concluí-lo foi possível, mesmo com as particularidades laborais que nos diferem de outros profissionais. Compreender melhor como funciona a implementação das políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres diante das especificidades de cada território e reconhecendo a importância dos lugares que ocupamos, oportuniza que desenvolvamos a prestação de serviço de forma assertiva e direcionada às mulheres em situação de violência, com o objetivo primordial de prevenir crimes de feminicídio em nosso estado.

Agradecimentos ao final da palestra

Ao final da exposição, a devolução imediata da plateia foram os aplausos de pé. Em que pese a limitação do tempo, que não me permitiu adentrar mais aspectos da tese, o ato foi uma clara resposta de que meu discurso se alinhou aos anseios dos meus pares. O que destaca o êxito do objetivo de mobilizá-los a pensar sobre o quanto a especificidade do trabalho profissional que desempenham, bem como seus espaços privilegiados de atuação, são condicionantes à transformação de realidades violentas.

Vale lembrar que, este texto constitui um relato pessoal, desvinculado da manifestação oficial da PMMG – que detém interlocutores oficiais para tratamento de assuntos diversos.

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