Mesmo que não seja legalmente permitida pelo calendário da Justiça Eleitoral, percebo que a campanha eleitoral começou aqui e acolá e já há gente aborrecida com a “barulheira” de alguns dos chamados pré-candidatos a prefeito de Teófilo Otoni, além da obrigatoriedade de ouvir desses as promessas e as mentiras. Ao que parece, o descrédito nos políticos é enorme. Ao mesmo tempo, houve um momento neste país em que um político petista dizia que a corrupção no Brasil é um sistema e que continuará assim enquanto não houver reforma. É como se insinuasse… “enquanto não for implantada a legalidade ética, eu mesmo continuarei roubando e deixando roubar.”
Vivemos, porém, numa democracia incipiente que poderá ir eliminando os criminosos, reduzindo o caos na atividade pública e alijando aqueles que tentam fazer a glamourização da ignorância e a apologia do populismo. É preciso votar naqueles que não embarcaram na lógica da política lá pelas bandas de Brasília e que entendem que a postura ética é um pressuposto para a atividade do cidadão.
Os pré-candidatos a prefeito de Teófilo Otoni, com honrosas e salutares exceções – e por extensão, de outros municípios da nossa região, estão aí ensaiando os primeiros passos na comunicação com um povo sofrido e desconfiado. E essa gente, enganada tantas vezes por candidatos ou por prefeitos eleitos – tal como o atual alcaide de Teófilo Otoni – que não cumpriram o que disseram, poderá estar disposta a eleger alguém que tenha uma visão ampla da realidade, conheça a vocação da cidade, descubra caminhos inteligentes para o seu desenvolvimento e vá muito além da repetitiva cantilena “saúde e educação”, de ZPEs e de Polos Industriais…
Teófilo Otoni precisa muito mais do que um simples gerente da escola e do hospital ineficientes. A cidade espera por um gestor que pense coisas grandes e esteja articulando planos estratégicos que possa iniciar, na verdade, uma caminhada de mudança em nossa outrora Capital Mundial das Pedras Preciosas e ex-cidade do Amor Fraterno.
A democracia é um processo que se aperfeiçoa diariamente, enquanto também ensina e educa o cidadão a viver numa comunidade plural. E mesmo que se saiba que a ausência de decência, a ausência de hombridade e de vergonha ainda convivem no dia-a-dia do Brasil, não morreu, porém, a esperança de nascer uma flor no meio da lama.
Aníbal Gonçalves é pedagogo, graduado em Administração Escolar, ex-diretor da Escola Estadual de Coroaci – MG [hoje Dona Sinhaninha Gonçalves] e professor de Filosofia, Sociologia e História da Educação. Foi chefe do Departamento de Educação Cooperativista da CLTO. Atualmente, jornalista e radialista da 98 FM (Teófilo Otoni) e colunista do Jornal Diário Tribuna.