Pelejando, ganhando e perdendo…

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Aníbal Gonçalves – Pedagogo

Não, de jeito nenhum, por hipótese alguma, caríssimos leitores meus. De forma alguma não sou homem para desanimar fácil, de recolher as velas de minha escuna à menor mudança de tempo, de ventos ou prenúncio de tempestade. Sim, eu sei, há tempos em que tudo dá certo e logo depois, sem que se espere, subitamente, dá tudo errado no chamado revertério. Mas e daí? Se a vida é assim mesmo, com dias ruins ou dias bons, o importante é nunca desistir de brigar, de lutar, de pelejar pelo que se quer, até que nada mais reste por que lutar.

Uns querem demais da vida e estão absolutamente certos, porque não há quereres demais em se falando de viver. O diabo é que a vida não nos dá nadinha de graça, nem mesmo a infância. Existe sempre um preço a pagar por nossas promissórias existenciais. Se é caro ou barato, depende do quanto você é capaz de arriscar nessa roleta vital de perdas e danos. Às vezes, penso cá com meus botões coroacienses, se aprender a viver é não aprender a suportar os perderes em troca de outros ganhares. A encruzilhada torna-se a partida de todos os caminhos.

E assim vamos nós, caindo e levantando, levantando e caindo porque pra frente é que se anda ou se desiste cedo demais. E por falar em perder e ganhar, ao que parece, o brasileiro está mais sozinho do que bem acompanhado em matéria de amor. Nem sei mesmo se é verdade, mas dizem que é verdade, porém dizem que existem perto de dezessete milhões de patrícios sem mulher e quatorze milhões de mulheres sem homem. Nunca jamais acreditei muito em estatísticas, no entanto, por vezes, embora raramente, elas conseguem refletir a realidade, tal e qual.

A continuar por tal solitária marcha, daqui a pouco seremos forçados a cair na castidade obrigatória ou então, na galinhagem generalizada. Até que ponto chegamos em termos de cultura e de civilização. Sofisticamos de tal modo a solidão que para nós o outro tornou-se uma mera e simples abstração. Até onde chegaremos com esse desenfreado narcisismo? Não sei, nem quero saber, tenho medo. Quero mais é saber de mim mesmo e da mulher que me completa e eterniza quando me perco em seus beijos e em seus braços.

Aníbal Gonçalves é pedagogo, graduado em Administração Escolar, ex-diretor da Escola Estadual de Coroaci – MG [hoje Dona Sinhaninha Gonçalves] e professor de Filosofia, Sociologia e História da Educação. Foi chefe do Departamento de Educação Cooperativista da CLTO. Atualmente, jornalista e radialista da 98 FM (Teófilo Otoni).

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