Abrimos a campanha de valorização das mulheres na linha de frente do combate à pandemia de COVID-19 na nossa região com a exposição da experiência de trabalho da enfermeira Ana Luiza Pinheiro. Ela foi indicada por outra profissional da área de saúde que vê em seu empenho e dedicação uma referência para o fortalecimento de outras mulheres que enfrentam as mudanças cotidianas provocadas pela pandemia. Pouco, ou nada se sabe do que ocorre nos bastidores do enfrentamento da COVID-19 em nossa região. Conheceremos agora, um pouco do que está sendo realizado a partir do olhar da Ana Luiza, que se formou pelo Centro Universitário de Caratinga e atua na área de gestão da Superintendência Regional de Saúde, localizada em Teófilo Otoni.
Segundo nossa homenageada, além de experiências anteriores, a exemplo da epidemia de febre amarela, onde acompanhou a rede hospitalar com a organização socioassistencial aos pacientes, considera que a especialização em emergência de saúde pública que concluiu pelo Sírio-Libanês, tenha permitido que ela ajudasse nesse período de enfrentamento da pandemia de COVID-19 de forma diferenciada. Ana Luiza tem trabalhado na elaboração do desenho dos documentos necessários para esta gestão, principalmente, fazendo as discussões com as portas hospitalares por ampliação dos leitos para o atendimento desses pacientes. “Temos um pequeno percentual que precisa de UTI. Apesar desse pequeno percentual, a gente não tem os leitos necessários na nossa região, uma vez que na Macronordeste que a gente atua, já é sabido que tem um vazio existencial muito grande, esses leitos já não existiam, agora, a gente está trabalhando pra ampliar e disponibilizar eles para os pacientes COVID”.
Além disso, a enfermeira que ainda realiza a supervisão, diária, da taxa de ocupação desses leitos, busca saber quem são os pacientes, se estão evoluindo e especialmente, como está sendo o tratamento dispensado a eles. A Ana Luiza não se considera, literalmente, na linha de frente como vários outros colegas de profissão no campo da assistência, mas salienta que esse trabalho de bastidores, onde as ações quase não são vistas, é de suma importância. As competências exigidas para a gestão da engrenagem da saúde precisa da habilidade de coordenar, organizar e principalmente, direcionar o pessoal que está na assistência, ou seja, aqueles profissionais que lidam diretamente com o paciente.
Assim como os demais profissionais da saúde em todo o território nacional, Ana Luiza faz um apelo à população para que faça sua parte, tomando iniciativas e a decisão de colaborar para o achatamento da curva dos casos, uma vez que esta responsabilidade não pode estar restrita aos trabalhadores do campo da saúde. Sobre o impacto dessa pandemia, ela ressaltou que “é um grande momento para trabalharmos a empatia pelo outro. Onde a doença não escolhe classe, gênero ou raça e no SUS, todos tem direitos iguais. Estamos lidando com uma doença que poderia ser combatida a nível primário, com cuidados de higiene pessoal e principalmente, educação social. Porém, hoje, estamos lidando com cenários críticos porque nem todos entendem a importância do meu cuidado, que é um benefício para quem está próximo de mim”.
Ana luiza é mãe da Liz, que tem quatro anos de idade. Foi indicada por ser considerada um exemplo de profissional e mulher. “Um orgulho pra todas nós”, completou Edneide Costa, técnica em patologia no Hospital Santa Rosália que preencheu o formulário que nos apresentou a homenageada desta edição. Hospedar no espaço da Coluna Interfaces experiências como a da Ana Luiza, nos aproxima das realidades das profissionais neste período de crise sanitária e nos motiva a conhecer mais sobre o poder que cada mulher tem de influenciar no fortalecimento uma das outras. Nosso reconhecimento ao exaustivo trabalho prestado pela Ana Luiza neste período de pandemia e nosso agradecimento por representar com tanta força as mulheres em funções de elaboração de políticas e gestão, fazendo girar esta engrenagem tão necessária à vida de tanta gente que é a saúde pública.