Artigo publicado pela Imperial College em março de 2020, acentuou que o impacto da COVID-19 foi profundo em âmbito mundial e que a ameaça que ele provoca à saúde pública é a mais grave desde a pandemia de influenza H1N1 de 1918, a chamada “gripe espanhola”. A Organização Mundial de Saúde (OMS) nomeou de COVID-19 a doença que se refere ao vírus SARS-CoV-2, responsável pela crise sanitária que enfrentamos.
Mais de perto, pois estão diretamente expostos a este vírus, encontram-se os profissionais de saúde, a exemplo da técnica em enfermagem Ana Elisa Brandão Abreu. A experiência da profissional será a segunda a ser exposta no âmbito da experiência da campanha de valorização das mulheres na linha de frente do combate à pandemia de COVID-19 na nossa região. Os pais da Ana Elisa são moradores da zona rural do município de Teófilo Otoni e não tiveram a oportunidade de estudar, não têm leitura e não dispõem de situação financeira estável.
Por isso, Ana Elisa precisa trabalhar para pagar suas despesas, dentre elas, seu aluguel. Apesar das dificuldades, nossa homenageada estudou na Escola Técnica José Egídio, se formou técnica em enfermagem e estuda Serviço Social na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Atualmente, trabalha no setor de hemodiálise do Hospital Santa Rosália, em Teófilo Otoni, que é referência no território do Vale do Mucuri e parte do Vale do Jequitinhonha.
Sobre a pandemia de COVID-19, ela afirmou que “não está sendo fácil enfrentar essa situação, estamos passando por momentos muito tensos, e um dos momentos mais complicados que achei foi quando meus colegas de trabalho, do mesmo setor, começaram a adoecer. Vi sair dali o primeiro caso confirmado para o coronavírus, o segundo, o terceiro, e por ai foi. Então, comecei a pensar: Meu Deus, será que vai chegar em mim? E se chegar, será que vou suportar? Eu não posso abandonar o trabalho, preciso cumprir o meu voto, que é prestar os cuidados ali”.
Ana Elisa completou que pede à Deus forças todos os dias para enfrentar essa pandemia e procura dar o melhor de si. Busca se proteger, proteger seus pacientes e também a sua família. Ana Elisa foi indicada por Juliana Brandão, que trabalha no setor farmacêutico. Julgou relevante a exposição de sua experiência na linha de frente do enfrentamento à doença, representando uma categoria profissional que constitui peça fundamental para a manutenção do estoque de bolsas de sangue que auxiliarão o tratamento de pacientes acometidos com o coronavírus, mas também, aqueles que estão enfrentando outras enfermidades.
Recentemente, o Hemocentro do referido hospital fez campanha para doação de sangue, uma vez que a disponibilidade de bolsas estaria abaixo do ideal para suprir a demanda. Ana Elisa é uma das responsáveis em preparar os equipamentos para a coleta de sangue, e para isso, precisa chegar bem cedo ao seu setor. As mulheres são maioria dos profissionais do campo da saúde, e são elas, que representam o mais expressivo percentual de trabalhadores na linha frente do enfrentamento à pandemia de COVID-19.
Reconhecemos aqui, o trabalho dos profissionais que compõem um dos braços do nosso sistema de saúde, a exemplo da Ana Elisa, parabenizamos e agradecemos pelo empenho em suas atividades, bem como o cuidado e preocupação que têm com a saúde das pessoas na nossa região. (Referência – Neil M Ferguson, Daniel Laydon, GemmaNedjati-Gilaniet al. Impactof non-pharmaceuticalinterventions (NPIs) toreduce COVID-19 mortalityandhealthcaredemand. Imperial College London (16- 03-2020); Nota técnica nr. 30 do IPEA, 2020).