Polícia Civil conclui inquérito sobre a morte do motorista de aplicativo Samir

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Samir Alves Brito, de 24 anos, vítima de latrocínio

A Polícia Civil de Minas Gerais, através da Delegacia Especializada em Repressão a Furtos e Roubos de Teófilo Otoni, concluiu inquérito que apurou a morte do motorista de aplicativo Samir Alves Brito, de 24 anos. O delegado que esteve à frente das investigações, dr. Márcio Pereira, apresentou na sexta-feira (30/04/21), a conclusão das investigações do crime de latrocínio que vitimou Samir, na semana passada.

Dr. Márcio enfatiza que foi um trabalho em equipe muito minucioso da sua delegacia juntamente com a polícia técnica científica, composta das equipes de perícia e IML de Teófilo Otoni e de Governador Valadares. O delegado explica que decidiu reinquirir os envolvidos, uma prática que não é tão comum, mas quando numa investigação depara com algumas contradições, principalmente num confronto dos relatos iniciais com as provas técnicas e levantamentos de campo, é importante reinquirir os envolvidos para se estabelecer verdadeiramente como se deu a dinâmica dos fatos.

Segundo o delegado, a oitiva inicial feita no calor dos fatos, quando os indivíduos foram presos, ele não descartou, mas percebeu que havia muitas contradições, aí houve a necessidade da reinquirição deles. “Essa é a grande novidade. Inclusive um dos envolvidos que no auto de prisão em flagrante delito se fez valer do direito constitucional de só falar em juízo, quando nós o intimamos novamente via requisição à penitenciária local, ele resolveu falar, inclusive foi um dos que a versão mais aproximou da verdade real dos fatos, que é o que busca o processo penal”.

Dr. Márcio ressalta que, no primeiro momento, um dos maiores que falou no bojo do APF, se colocava no cenário do crime, mas atribuía as ações ao menor, enquanto o menor atribuía as ações violentas aos dois maiores, e as informações na busca da verdade não casavam. “A partir do momento que nós os reinquirimos, conseguimos estabelecer como foi verdadeiramente a dinâmica, eles confessaram a participação deles nas agressões que resultaram na morte do Samir”.

O delegado informa que a motivação do crime foi realmente de roubar um veículo, inclusive a ideia partiu do menor. “Ele coordenou a maioria das ações, inclusive as provas materiais do crime foram encontradas nas proximidades da sua residência, o veículo, além dos objetos pessoais da vítima”, disse. Dr. Márcio frisa que os laudos periciais foram fundamentais para a conclusão das investigações. “Nós aliamos a conclusão dos laudos. O laudo de necropsia muito bem elaborado pelo IML de Governador Valadares, conseguimos visualizar que a vítima foi estrangulada. A causa morte foi estrangulamento e traumatismo crânio encefálico.

Dinâmica do crime – Segundo o investigador Lucas, de acordo com o que foi apurado, e até relatado pelos autores, tudo começou quando o menor foi até a residência dos dois maiores que são primos, e lá eles combinaram cometer um assalto. Não tinham o veículo e eles resolveram então ir próximo à rodoviária, começaram abordar vários taxistas, mas nenhum quis fazer a corrida até Governador Valadares, relatos confirmados por alguns taxistas que foram ouvidos na delegacia.

Ainda próximo à rodoviária eles conseguiram fazer contato com a vítima, através da noiva dele. Segundo Lucas, ela conta que fez contato com Samir sem saber que eles queriam ir para GV, e quando os autores disseram que a corrida seria pra lá, ela falou que ele não faria esse tipo de corrida, mas ao telefone Samir disse que faria porque dentro de quatro meses eles iriam se casar e ele precisava de dinheiro.

Os autores contam que no meio do caminho eles tiveram a ideia de pedir que a vítima passasse em Frei Inocêncio, porque a intenção deles era anunciar o assalto, mas a vítima se recusou alegando que não fazia parte do combinado. Mesmo a vítima negando, mais pra frente um dos autores alegando que precisava parar, Samir entrou numa estrada vicinal à direita no sentido GV, e depois de uns 100 metros na estrada vicinal, no Distrito de Chonim de Baixo, eles anunciaram o assalto. A partir daí começaram as agressões porque Samir percebendo que seria assaltado e correndo risco de morte começou a buzinar. O indivíduo que estava no banco da frente agredia Samir com socos, o que estava no banco de trás o enforcava.

Tendo a vítima ainda ficado inquieta, o menor desceu do veículo, se apoderou de uma pedra e desferiu golpe na cabeça dele, já deixando-o sem reação. Como estavam próximo a uma casa, os três arrastaram Samir para o banco de trás, o menor assumiu a direção do veículo e retornaram sentido a BR, e ainda no meio da estrada vicinal, pararam o veículo, tiraram a vítima e a jogaram dentro do mato. Percebendo que a vítima ainda estava viva e tentava levantar, os três se apoderaram de pedras e pedaços de pau e o executaram violentamente.

Os autores retornaram a Teófilo Otoni, pararam em um posto e abasteceram com o dinheiro roubado da vítima. “Segundo relatos de frentistas eles ainda estavam comendo biscoitos que eram da vítima. Isso mostra claramente a frieza desses autores. Ou seja, tinham acabado de cometer brutalmente um crime e estavam agindo ali com a maior naturalidade. Depois disso o adolescente deixou os dois maiores em casa e seguiu para sua residência”, disse o investigador.

Segundo o dr. Márcio Pereira, os maiores podem responder por latrocínio, corrupção de menor, ocultação de cadáver e associação criminosa, e estão sujeitos à pena máxima de até 41 anos de reclusão. O menor submete-se a um procedimento especial na justiça especializada, e está sujeito a uma medida socioeducativa que pode chegar à pena máxima até a idade de 21 anos. (Fotos: Divulgação)

Dr. Márcio Pereira coordenou as investigações
“Confesso que eu com 22 anos de polícia, esse crime me chocou bastante, porque nós que tivemos contato com os laudos periciais de necropsia pudemos ver tamanha violência que foi contra essa vítima. Aí a gente passa a ter contato com os familiares, é uma coisa que enobrece o nosso trabalho, faz com que a gente trabalhe com mais afinco, não que a gente não faça isso todo dia, mas temos que dar uma resposta à altura de um crime desse”, ressaltou o delegado Márcio Pereira.

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